Praticantes de stand up paddle remam a Billings de ponta a ponta e documentam a poluição da represa

Por: Catraca Livre

Integrantes percorreram toda a extensão da represa Billings[/img]

O grupo colocou as pranchas na água no extremo da represa em São Paulo, onde fica a barragem que separa a Billings do rio Pinheiros. Para quem não sabe, lá pelos anos 40, o curso do Pinheiros foi invertido para aumentar o volume da represa – não se imaginava que o rio se tornaria tão poluído algumas décadas depois. Por conta da poluição, o bombeamento de água do rio para a represa foi proibido nos anos 90, mas pode ser liberado ainda quando há riscos de enchentes em São Paulo. “É lastimável. A gente remou 25 km na parte de São Paulo com uma água bem esverdeada, com muitas algas. A gente usou botinhas, mas nem sei se corremos algum risco de contaminação”, diz Leandro, que é dono da escola de stand up paddle Mau Loa SUP.

tom verde que Leandro observou é resultado de um fenômeno chamado eutrofização. Basicamente, alguns nutrientes que estão na água por causa da poluição (presentes em esgoto, detergentes, etc) levam à superpopulação de algas microscópicas na superfície (daí a cor verde). O grande problema é que, por desdobramentos dessa invasão de algas, começa a faltar oxigênio na água, o que causa a morte de peixes e outros organismos e compromete a qualidade da água.

 

Não fosse a poluição, a Billings, que tem a mesma capacidade de todo o sistema Cantareira, acabaria rápido com a falta de água que vivemos hoje na Grande São Paulo. Não é o caso. Apesar de ter sido decidido em 1989, por lei, que a represa serviria para o abastecimento da região (originalmente, a represa foi construída para geração de energia), apenas algumas porções dela podem ser usadas hoje para tal fim.

Deixando o braço de São Paulo para trás, o grupo seguiu a remada em direção a São Bernardo, passando pelo Rodoanel e a Imigrantes. “Já não há tantas casas lá e você vê algumas áreas de Mata Atlântica, mas a água ainda é bem estranha”, conta Leandro.

O cenário muda apenas mais adiante, passando a Anchieta, graças a uma barragem construída embaixo da rodovia para impedir que a poluição que vem do lado de São Paulo se espalhe para um dos braços da represa no ABC. A partir dali, a Billings é outra.

“A diferença é nítida. A água fica muito mais cristalina passando a barragem, a visibilidade aumenta bastante, chega a quase 2 metros. Um pouco mais pra frente, um pouco antes da base do Mau Loa, até paramos para nadar. Estava calor e estávamos tão indignados que tínhamos que aproveitar aquela água ainda limpa.”

Leandro, Eduardo e Irineu seguiram a remada até o extremo da represa em Ribeirão Pires, onde alguns sinais de poluição voltaram a aparecer. “Foi uma remada muito legal, mas muito triste”, conclui Leandro.