Ideias na Mesa e fartura de conhecimento

Alunos da USP e UNICAMP praticam o crowdsourcing em busca de inovações e melhorias para a cidade

A universidade. Local onde, com o decorrer dos anos, o conhecimento sai do seu estado embrionário e ganha tamanho, peso e forma. Tal nascimento é fruto de mentes inquietas e incapazes de se renderem às adversidades de uma sociedade ainda submissa às leis de mercado. Berçário para muitas ideias, as instituições, em teoria, devem se aproximar da população e permitir o seu acesso, pluralizando saberes à medida em que prestam serviços úteis.

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Na página do Facebook é possível votar em ideias de sua preferência e deixar novas sugestões

Daniel Passarini, estudante de Administração na USP, acredita na riqueza do “solo fértil” em que a faculdade foi erguida. “Sempre vimos concursos de cases nos murais e grupos de alunos que propunham soluções para diversos desafios”, comenta Passarini. Foi nesse ambiente que surgiu o Ideias na Mesa, espaço aberto para se colher os frutos da criatividade.

O estudante faz parte do projeto onde o crowdsourcing é praticado. Cunhado pelo estadunidense Jeff Howe, o termo se refere ao trabalho mútuo entre pessoas e serviços tercerizados em prol de novas alternativas para resolver diversas questões. O grupo apresenta soluções para problemas que afetam a sociedade ou instituições. Junto de Daniel estão outros alunos, alguns da UNICAMP, como Thiago – bacharel em Ciência da Computação – e Fernando Alves, graduando em Engenharia da Computação, na USP.

“Queríamos criar um espaço para todos que tivessem ideias inovadoras. Não adianta só reclamar da cidade, deve-se buscar soluções”, aponta Alves. O “Ideias na Mesa” foi criado no final de 2011 e aproveitou o aniversário da cidade de São Paulo – no dia 25 de janeiro –  para lançar a primeira investida do grupo: reunir propostas  que possam melhorar a vida na cidade de São Paulo.

Sem patrocínio de instituições privadas ou órgãos governamentais, os alunos arcam com os gastos, apoiados pela crença de que o ensino superior possa fazer jus ao seu nome e sobressair-se às lacunas que ainda assolam a sociedade. Fernando disse que chegou a receber ideias de outros estados, como o caso de um garoto de Minas Gerais que sugeriu semáforos com contadores, no intuito de aumentar a segurança dos pedestres.

Tanto empresas quanto o governo podem lançar desafios e a resolução fica por parte dos envolvidos com a mobilização. Assim que uma solução inovadora for concebida, o projeto é enviado para a instituição e pode ganhar continuidade. “É uma chance para aquela pessoa que tem uma boa ideia a ter um destaque”, explica Daniel.

Os interessados devem realizar o cadastramento no site do projeto (apenas fornecendo seu email) e dar início às propostas de melhoria e inovação. Os responsáveis pela organização também criaram um blog para divulgar os desafios, uma página no Facebook  e um perfil no Twitter (@ideiasnamesa). “A página do Facebook permite que as pessoas comentem sobre as sugestões lançadas e também ajudem no desenvolvimento delas”, ressalta Fernando.

A universidade. Local onde as ideias podem ser valorizadas e, em consequência disto, passam de expectativas intangíveis à conquistas históricas relevantes. Quer melhorar algo em sua cidade? Tem vontade de expor suas ideias? Existe uma mesa à sua espera. Puxe a cadeira e mobilize-se.