11 livros excelentes pra viajar sem sair de casa

Por Betina Neves, do blog Carpe Mundi

Livros de viagem inspiram, dão ideias de novos destinos, ajudam a conhecer melhor o mundo, refletem sobre o ato de viajar e fazem a gente se sentir por aí sem sair de casa.

Aqui, fiz uma seleção dos melhores livros de viagem que li nos últimos anos, de clássicos até publicações contemporâneas, de crônicas divertidas a relatos contínuos e complexos. É só rolar pra baixo e escolher o seu!

“Um Lugar na Janela”, Martha Medeiros

Como a própria cronista descreve no prólogo, o livro é um regaste despretensioso de viagens realizadas em momentos diversos de sua vida. É leve, fácil (ótimo pra levar pra praia ou pra aquele fim de semana no sítio) e conta sobre a primeira vez de Martha na Europa, suas reflexões sobre viver em Santiago, seus suspiros diante da beleza da Grécia, seus périplos pelo Japão, com cada capítulo, ou crônica, dedicado a um destino.

“O Grande Bazar Ferroviário”, Paul Theroux

O escritor americano também é consagrado na ficção, mas foram seus livros de viagem que o tornaram um mestre desse tipo de literatura – uma pena ser difícil encontrar traduções de algumas de suas obras por aqui. O Grande Bazar Ferroviário foi publicado em 1975 e trata-se de um longo relato de uma viagem de trem pela Ásia, passando por Irã, Índia, Myanmar, Tailândia, Malásia, Vietnã, Japão, entre outros. O narrador praticamente se isenta da história no sentido de que pouco sabemos suas motivações; Theroux foca em descrever o que vê e as pessoas com quem conversa, com análises profundas sobre os países que visita. Muito mudou na Ásia nesses 30 anos que se passaram, mas seu relato ajuda a entender o que o continente é hoje. E dá vontade de ir correndo pra lá.

“Ioga para quem não está nem aí”, Geoff Dyer

O livro (que não tem nada a ver com yoga) é um “mapa rasgado e nada confiável de algumas das paisagens” que formaram a vida do autor britânico, que fala de “lugares onde coisas aconteceram ou não aconteceram, lugares onde ficou e coisas ficaram com ele, lugares que ele queria ver ou onde simplesmente foi parar”. As várias crônicas curtas que pairam entre a ficção e a não-ficção contam casos curiosos, alucinantes, hilários, reflexivos. Há sacadas geniais que repensam o ato de viajar e o reconhecem tanto fascinante quanto sombrio e desconfortável.

“Encaramujado”, Antonio Lino

Descobri este livro por acaso nas prateleiras de uma livraria qualquer – e que sorte a minha. Encaramujado relata uma viagem feita entre 2006 e 2007, na qual o escritor paulistano se enfiou numa kombi e cruzou o Brasil do Oiapoque a São Paulo, do Acre a Minas, do Mato Grosso à Bahia, com mais de 30 mil km rodados. O resultado são fragmentos do país apresentados em pequenos contos, com uma linguagem poética cheia de frases que dão vontade de anotar num caderninho (minha preferida é “paredes não aprisionam espíritos livres”). Lino vive em uma comunidade hiponga na Chapada dos Veadeiros, escala o Pão de Açúcar, cursa os Leçóis Maranhenses, se embriaga com o Santo Daime. Permeiam a história suas reflexões sobre estar sozinho e viajar pra dentro de si mesmo.

“Pé na Estrada”, Jack Kerouac

Clássico dos anos 1950, é considerado um manifesto da geração beatnik, um movimento de jovens anti-materialistas e anti-conformistas, que, na época, veja você, eram chamados de hipsters (o que não me parece ter muito a ver com o que a gente chama de hipster hoje). O livro, levemente autobiográfico, é narrado por Sal Paradise, que, com sua gangue de amigos (liderados por Dean Moriarty) erra pelo país de leste a oeste, principalmente entre Nova York, Denver e San Fracisco, com carros, ônibus e caronas e poucos dólares no bolso. Entre noites alucinantes de jazz, trabalhos ocasionais, mulheres que vêm e vão, é uma jornada sem propósito maior do que simplesmente cair na estrada.

“Cem Dias entre o Céu e o Mar”, Amyr Klink

O livro é uma espécie de diário de viagem que apresenta um dos maiores feitos do navegador brasileiro: varar o Atlântico, do sul da África à Bahia (cerca de 6500 km) num minúsculo barco a remo. Você rapidamente se familiariza com os termos náuticos (bolina, lastros, escotilha) e embarca na jornada meticulosamente calculada de Amyr, num tempo (1984) sem internet e GPS. Ele negocia com ondas gigantes, estremece diante da constante presença de tubarões, pena com o mau tempo. Momentos delicados e sublimes são descritos por Amyr, das cores do nascer e o pôr do sol ao momento em que uma enorme baleia passeia debaixo de seu barquinho, enquanto ele entende sua pequenez diante do mar e atinge um respeito pela vida que nunca imaginou antes.

“Livre”, Cheryl Strayed

O filme homônimo lançado em 2014 e indicado ao Oscar é excelente, mas é preciso ler o livro pra mergulhar dentro da jornada da escritora Cheryl Strayed. A americana cursou a pé 1800 km em três meses a chamada Pacific Crest Trail, que vai da Califórnia até o estado de Washington. A viagem tem carga dramática em dobro, porque além da caminhada longa, acometida por extremos de frio e calor, ursos e coiotes, calos e feridas, comida desidratada e noites insones, Strayed descreve a barra que passou com a morte de sua mãe, o desmantelamento de sua família, seu divórcio e envolvimento com heroína. A trilha é uma espécie de redenção e ferramenta pra escritora se encontrar dentro de si novamente. O livro é tocante a todo tempo e dá vontade de programar uma trilha para as próximas férias.

“Pelas Trilhas de Compostela: O Relato de uma Viagem Laica”, Jean-Christophe Ruffin

Num dos percursos de peregrinação mais emblemáticos do mundo, o médico e escritor francês parte por uma jornada laica com o objetivo de simplesmente pegar a estrada pela evidência da caminhada. Numa linguagem objetiva, irônica e sem firulas, ele descreve as paisagens do caminho, as noites nos mosteiros com outros peregrinos e sozinho em sua barraca no meio do nada, com todo o misticismo (do qual ele não compartilha a princípio, mas depois é contagiado) ao redor dela. Tem citações, referências literárias e reflexões de bons livros de viagem sobre o ato de viajar.

“Comer, Rezar E Amar”, Elizabeth Gilbert

Sim, todo mundo já conhece. Mas se você se contentou só com a Julia Roberts no cinema (que não é grande coisa), saiba que o livro que que conta a crise de meia-idade precoce de Liz é de fato bacana. E dá um impulsinho pra quem está pensando em largar o emprego e cair no mundo, o que é sempre é um bom negócio. Afinal, comer pizza na Itália, rezar nos ashrams da Índia e amar em Bali não é nada mal.

“As Cidades Invisíveis”, Italo Calvino

Publicado em 1972, o livro traz as histórias que o descobridor veneziano Marco Polo teria contato ao imperador Kublai Khan no século 13. Seguindo o estilo realismo mágico, em voga na época da publicação, Calvino descreve cidades imaginárias, que levam nomes de mulheres como Leônia, Cecília, Pentesileia. As descrições, geniais, flutuam entre a fábula e o conto popular, com simbologias lindas. O livro é fininho, com cada minicapítulo dedicado a uma cidade.

Coleção de Viagem da Editora Tinta da China

Descobri essa coleção maravilhosa numa livraria em Lisboa, e há pouco tempo vi que os livros de viagem chega no Brasil. São livros de diferentes autores portugueses consagrados com relatos de viagem, normalmente focados num determinado destino – aqui já temos alguns títulos como o Viva México e o Murmúrio do Mundo (sobre a Índia). A Livraria Cultura importa os outros de Portugal (neste link aqui têm vários), como o Histórias de Roma, o Nova York, o Mi Buenos Aires. São tão lindos que dá vontade de comprar todos.

E você, costuma ler livros de viagem? Se tiver algum pra indicar, deixa aqui nos comentários!