Mineira viaja pela América do Sul gastando R$ 15 por dia

Larissa Gomes acaba de voltar ao Brasil após uma viagem pela América do Sul que teve duração de quase um ano e meio. Desde março de 2014, quando saiu de Carangola (MG), sua cidade natal, a viajante percorreu oito países do continente americano, Brasil, Paraguai, Uruguai, Argentina, Chile, Bolívia, Peru e Equador, e tudo isso gastando inacreditáveis R$ 15 por dia.

A escritora, que narra suas aventuras no blog Rosa dos Ventos, sabia que para realizar esse “mochilão” teria que mudar radicalmente seu estilo de vida, deixando conforto e gastos desnecessários de lado, já que não tinha muitas reservas econômicas, portanto, um dos seus principais aliados no que se refere aos seus gastos de viagem surge um pouco antes de ela começar a viajar, durante a escolha dos países que ia conhecer.

A mochileira em um dos muitos parques que percorreu!

Larissa decidiu que percorreria países onde pudesse chegar por terra e onde não seriam necessários gastos extras como comprar um passaporte ou pagar por um visto de turista. Sua escolha então foi viajar pelo continente americano e por meio de carona. A viajante, que até então só tinha andado de carona do estacionamento da sua universidade até seu antigo apartamento na cidade de Juiz de Fora, aprendeu a esticar o dedão na estrada, e afirma que além de ser uma aventura a mais e uma experiência que lhe permitiu conhecer pessoas incríveis, ainda lhe possibilitou economizar um bom dinheiro. Ela viajou de carona em carro de passeio, caminhão, ônibus, veleiro, navio de carga, motocicleta, e não se arrepende, cada experiência adquirida e cada centavo economizado valeu a pena.

Cruzando a fronteira entre Chile e Bolívia de carona
De carona pela Bolívia!

Além de viajar de carona a blogueira também se utiliza de uma conhecida plataforma de internet para conseguir hospedagem gratuita, o site couchsurfing. Por meio desse site ela economizava com hospedagem e muitas vezes com alimentação também, já que vez ou outra era convidada por seu anfitrião para compartilhar um lanchinho ou uma macarronada no fim do dia.

Ela ressalta no entanto que páginas como couchsurfing não são uma simples hospedagem gratuita, são também uma ótima forma de fazer amigos, de ter companhia na cidade que se está visitando, de conseguir boas dicas do tipo “onde ir/o que fazer” que não fazem parte de roteiros tradicionais, além obviamente de te permitir economizar, palavra chave na vida de qualquer mochileiro. Larissa foi recebida em casas de todos os tipos, desde mansões a beira mar na caríssima Punta del Este até cabanas muito simples que balançavam com um simples ventinho, casas imundas em ilhas misteriosas e apartamentos impecavelmente ordenados e limpos de metrópoles, casas de quem escuta música boa e cozinha mal, casa de quem cozinha bem mas não entende nada de música, casas de onde queria ir embora antes mesmo de entrar, casas de onde nunca gostaria de ter saído.

Passeando com Dado, seu coushsurfing em El Calafate
Hospedagem inusitada, em uma mina de enxofre

A mochileira afirmou ainda que mesmo gastando muito pouco dinheiro durante todo esse tempo, uma média de R$ 15,00 reais por dia, conseguiu conhecer lugares maravilhosos, fazer passeios incríveis e até praticar esportes de aventura.

Afirma ainda que tudo isso foi possível em primeiro lugar  buscando cidades e lugares que se pode conhecer de graça, como praias, cachoeiras e centros históricos, além disso, quando o dinheiro estava acabando ela se estabelecia em alguma cidade turística para trabalhar por um tempo e sempre buscava empregos que além de um salário lhe desse alguma outra “vantagem”, como por exemplo quando trabalhou em um hostel em Bariloche e ao vender passeios turísticos para os hóspedes sua chefe lhe presenteava com uma série de tours, ou quando morou no Chile e trabalhou em uma agência de viagem onde era necessário fazer todos os passeios que eram vendidos lá, para explicar aos clientes tudo com mais riqueza de detalhes, tendo assim a oportunidade de fazer trekkings e esportes de aventura gratuitamente, como subir um vulcão e praticar rafting nas águas geladas do sul chileno.

Salar de Uyuni e suas fotos em perspectiva!
Fazendo rafting em Pucón, no sul chileno!

Outras duas dicas de economia mochileira que a viajante compartilha e que segundo sua opinião são as mais difíceis de serem colocadas em prática são; aprender a pedir e desapegar-se. A primeira diz respeito a pedir, literalmente, e o que quer que seja. Segundo ela é importante entender que o mundo está cheio de excessos jogados fora e que um deles pode te servir; desde uma fruta madura demais que iria para o lixo até um espaço no quintal para montar uma barraca… Nossa sociedade não aprendeu a pedir, pedir é sempre relacionado com miséria e humilhação e por isso se torna uma prática tão difícil.

O desapego material por sua vez é a capacidade de deixar de dar importância a futilidades diárias as quais estamos tão acostumados, como gastar com táxi só porque a amiga mora um pouco mais longe ou comer em restaurante por preguiça de cozinhar, afinal, são os pequenos gastos do dia a dia que fazem toda a diferença no fim do mês, porque todo mundo sabe quanto paga de aluguel e luz, mas a cervejinha do fim de semana ninguém contabiliza.

Vendendo bolo em São Pedro do Atacama
Fazendo trabalho voluntário na Bolívia

Larissa afirma que sentir prazer em uma vida mais simples é fundamental para encarar esse tipo de viagem, não adianta viajar gastando R$ 15,00 por dia se isso não te faz feliz, essa escolha deve ser muito consciente. Para ela, que acaba de voltar para a casa dos pais e que segue tendo uma vida com poucos gastos embora viva em uma casa muito confortável, é perfeitamente possível viajar e porque não, viver, com menos, de modo mais simples, mais desapegado e talvez ainda mais feliz.