Casal conta como é viajar pela estrada mais perigosa da índia

Clarissa Ferreira e André Garcia, o casal por trás do projeto “A Culpa é do Fuso” acabam de voltar de uma viagem de um mês pela Índia, onde percorreram de 4×4 uma das estradas mais perigosas do mundo. Com curvas fechadas, desfiladeiros, túneis precários e muito deslizamento de terra, a rota atravessa as incríveis paisagens do Himalaia indiano próximo à fronteira com o Tibete e cruza o Vale do Spiti, uma das regiões mais remotas do país.
Por conta da proximidade com o Tibete, a influência budista se faz presente nos monastérios e templos

Batizada de Hindustan-Tibetan Road, a rodovia foi construída em 1850 para o transporte de mercadorias entre a Índia e o Tibete e desde então sofreu poucas melhorias. Apesar dos penhascos de tirar o fôlego que fizeram a (má) fama da estrada, o destino se tornou o sonho de consumo de motoqueiros, motoristas e ciclistas pelo mundo afora em busca de uma autêntica road trip cercada de imprevistos e nenhum conforto. O casal carioca se encaixava perfeitamente nesse perfil e não pensou duas vezes antes de se jogar na aventura para voltar pra casa com muitas imagens da viagem e a lembrança de um lugar inesquecível.

A Hindustan-Tibetan Road, foi construída em 1850 e desde então sofreu poucas melhorias

“Nós passamos dez dias de jeep pelas traiçoeiras estradas do Vale do Spiti e vivemos momentos de muito sufoco porque não estamos acostumados a trafegar a centímetros de distância de desfiladeiros sem proteção alguma. As condições eram muito precárias. Para os locais, no entanto, parecia tudo muito normal, eles até riam da nossa reação. Mas o perigo é real, ouvimos relatos de acidentes envolvendo carros e ônibus locais.”, conta Clarissa.

O Vale do Spiti, uma das regiões mais remotas do país.

A experiência, porém, vai além dos perrengues na estrada. A rodovia é também a porta de entrada a uma região inóspita, cercada pelos gigantes maciços do Himalaia que acompanham todo o trajeto com seus picos nevados e vales verdes. Por conta da proximidade com o Tibete, a influência budista se faz presente nos monastérios e templos que surgem nas vilas quase medievais que aparecem pelo caminho.

Com curvas fechadas, desfiladeiros, túneis precários, a rota atravessa incríveis paisagens do Himalaia indiano

“Viajar pelo Vale do Spiti é como abrir uma janela para antigas comunidades que há séculos encaram a dura vida acima dos 4 mil metros. Dormimos cada noite em uma vila diferente e todas tinham suas peculiaridades e tradições. Apesar da falta de conforto na hora de dormir, fomos muito bem recebidos e a comida era deliciosa!”, lembra Clarissa.

O casal está de volta a Singapura, onde vive, e os dois já estão trabalhando nos novos episódios da websérie que vai mostrar como foi a aventura. Enquanto o documentário não sai, eles já lançaram um guia completo com o passo a passo da viagem e todas as dicas aos corajosos que também querem encarar a estrada mais traiçoeira da Índia.