Do caos à ioga, a Índia que você precisa conhecer
A Índia é um lugar que parece de outro planeta, o qual considero o lugar mais estranho e mais maravilhoso do mundo. Essa dualidade é como defino esse país cheio de contrastes.
Dá para imaginar um lugar tão apaixonante e um tanto perturbador? Um lugar tão acolhedor e um tanto ameaçador? Antes de continuar, quero deixar claro que essas são minhas impressões, cada viajante sempre terá a sua e esse é o motivo de inúmeros relatos de viagem mundo afora. Já pensou se todos os lugares fossem definidos da mesma maneira? Não existiriam tantas experiências de viagem para contar.
Passei um bom tempo na Índia entre 2013 e 2014, e resolvi voltar em 2016 somente para as férias e para conhecer alguns lugares diferentes. A Índia é grande, e cada pedacinho dela é uma coisa diferente, às vezes uma língua diferente, outras a comida, outras a religião… é tanta coisa, mas tanta coisa, que você vai sentir a necessidade de voltar várias vezes, e, se não voltar, é como começar a ler o livro mais interessante do mundo e não poder terminar.
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Aí você me pergunta: “ahhh Priscila, mas sempre ouvi falar que a Índia é um país que você ama ou odeia, isso é verdade?” Confesso que não é fácil ver tanta sujeira, ficar no zig zag do trânsito caótico, tentar atravessar as ruas de Mumbai a pé… Mas não é nada difícil ver, além disso, a Índia é simplesmente o lugar que todos precisam ir pelo menos uma vez na vida, ora pra passar raiva, ora pra se apaixonar (como eu me apaixonei).
Então, que tal se aventurar em terras distantes? Vou falar um pouquinho do que você precisa saber:
Segurança
A Índia para mulher ainda não é o lugar mais seguro do mundo, mas posso te garantir que o Brasil para mulher é bem mais perigoso. É importante evitar sair sozinha à noite, não aceitar bebidas na balada, utilizar o vagão feminino do trem e etc. Sei que é muito injusto essa falta de liberdade da mulher e o excesso de cuidados necessários a mais do que os homens. Quero muito um dia poder contribuir com uma mudança de pensamento lá.
Agora, com relação à segurança de um modo geral, dificilmente verá um assaltante com arma de fogo, não é comum arma de fogo para crimes de rua, nunca fui assaltada na Índia e não conheço ninguém que já foi. Particularmente foi um lugar que me passou bastante segurança quando viajei sozinha, passei mais perrengue quando fui acompanhada, dá pra acreditar?
Dinheiro
Lá a moeda é a rupia (ou rupee). Já fui pra lá quando 1 real valia 30 rupias e também quando 1 Real valia 18. Não vou falar sobre a cotação, porém com 30 rupias, por exemplo, você consegue comprar: 1 refeição matinal na rua, ou 2 garrafas de 2 litros de água, ou 1 lata de coca cola, ou vários legumes na feira ou até mesmo uma bata indiana lindinha se souber procurar bem. Lá as coisas são bem em conta em sua grande maioria, mas algumas têm valor surreal, como bebidas alcoólicas. Se sua intenção é tomar uns gorós de vez em quando, leve uma caninha daqui (dica esperta).
Nem todos os lugares aceitam cartão, então é importante levar dinheiro em espécie também para trocar por lá (oriento levar dólar, euro ou libra), mas não leve reais, será praticamente impossível trocar por lá.
Alimentação
A cozinha indiana é maravilhosa, mas, se você não gosta de nada picante, já comece a se preparar. Percebi que a pimenta (que na verdade está em praticamente todos os condimentos) é tipo o sal pra gente. No Brasil, por exemplo, se você vai num restaurante e pede uma carne sem sal, o sal vai ser bem reduzido, mas não faz muito sentido para o cozinheiro não colocar nem um pouquinho, assim também é o efeito picante para eles, você pode dizer para tirar tudo, mas sempre virá um pouquinho e esse pouquinho chega a ser absurdo pra quem não gosta. Uma dica para quem deseja evitar o picante dos alimentos é fugir sempre dos pratos com massala ou pedir uma porção de iogurte pra misturar (ameniza a pimenta e o sabor fica ótimo).
É fácil encontrar restaurantes ocidentais nos grades centros, mas são sempre mais caros. Há também as redes de fast food famosas como McDonald’s, Dominos e etc. Uma boa fuga caso deseje comer algo que já conhece.
Roupas
Se vestir como os locais é parte da sua imersão cultural e também é uma forma de respeito à cultura. Roupas indianas têm ótimos preços e você encontra em qualquer lugar para vender, com preços que vão de 30 rupias até infinitas. Além de lindas e confortáveis, é uma forma de evitar olhares alheios indesejáveis como quando estamos com as nossas roupas ocidentais.
Saúde
Se foi pura sorte eu não sei, mas sempre que precisei de atendimento médico tive o melhor. Já fui atendida em médico da comunidade e também em hospital grande. Sempre rápidos e eficientes. Não levei seguro saúde na primeira vez (não façam como eu), e paguei cerca de 150 rupias por consulta em médico local, 60 rupias em médico da comunidade, e 500 rupias no hospital incluindo todos os exames e medicamentos (quando levei um tombo feio). É um preço bem razoável e o atendimento foi melhor do que o esperado.
Se não quiser ficar doente como eu fiquei, bebam somente água mineral, lave os alimentos com água mineral, proteja-se do sol, evitem comer alimentos crus em restaurantes, evitem gelo em restaurante e use repelente sempre que possível.
Transporte
Dá pra conhecer quase toda a Índia de trem, é o transporte que mais recomendo. Dá pra fazer de ônibus e de carro também, mas te garanto que o motorista será o motivo da sua insônia durante todo o trajeto, o trânsito é um caos, e regras de trânsito são quase inexistentes. Avião também é uma ótima opção, há várias cias low cost que interligam as diversas regiões do país, e assim você também economizará tempo (fiz em 3 horas de avião uma distância que faria em 36 de trem).
Dentro das principais cidades (Mumbai e Delhi) é bem tranquilo andar de trem, nas demais usei táxi e rickshaw (tuk tuk).
Importante: sempre que pegar táxi nos aeroportos e estações, escolham o pré-pago. É mais seguro para você, e só entregue o papel do pré-pago ao motorista quando ele te deixar no local solicitado. Se você entregar o papel antes e o motorista for sacana, pode acontecer de ele te deixar no meio do nada e ainda querer cobrar mais para te levar no local desejado.
Hotel/hostel e cia
Não espere conforto e muita limpeza, nesse momento é necessário se despir dos preconceitos, até o hotel 5 estrelas pode te surpreender com um lençol sujo que está ali por gerações e gerações sem trocar. Caso isso aconteça, sempre peça para trocar, ou leve um seu na bolsa, isso é algo que ocorre quase sempre e não adianta muito brigar. Na hora de reservar sua hospedagem procure sempre locais com melhores avaliações, nesses será mais garantido lençóis limpos e ambiente seguro.
Fique esperto: tem um golpe que acontece no aeroporto quando você deseja ir para o seu hotel. Às vezes eles falam que o hotel não existe mais, ou que pegou fogo e etc , somente para te levar a um hotel em que eles ganhem comissão. Então é só ser bem firme e dizer que só entrará no carro se levarem você ao destino que deseja.
Ioga
Não sou a melhor pessoa do mundo para falar sobre ioga na Índia ou em qualquer lugar do mundo pois não pratico, porém minha dica caso seu desejo seja conhecer mais, vá para Rishkesh, conhecida como a capital do ioga, lá você pode ficar em um Ashram em um clima bem propicio para a pratica, banhada pela parte limpa do Ganges, um lugar que vale a pena conhecer.
Documentos
Passaporte com pelo menos seis meses de validade, visto válido, todas as passagens impressas (parece besteira, mas evitará estresse, eles sempre pedem a passagem na entrada de todos os aeroportos) e carteirinha de vacinação internacional com a vacina de febre amarela em dia (verificar as vacinas obrigatórias antes da viagem).
Cuidados extras:
Assim como em qualquer lugar do mundo, golpes em turistas são comuns, e nessas horas é importante ser mais esperto que eles;
-Sempre exija o taxímetro, e se possível salvem os mapas das cidades off-line no celular para assim verificar o trajeto do motorista;
-Pechinche sempre, o preço é pelo menos o dobro para turistas;
-Sempre que sair de rodoviárias, estações de trem e aeroportos, utilize táxi ou rickshaw pré-pago;
– Ao comprar água na rua verifique o lacre da tampa para não correr o risco de beber água contaminada.
Siga as dicas e boa viagem :)
Relato por Priscila Mattos, do blog Todo Mundo de Mochila