Desenrola MEI liberado pelo governo; entenda as regras para participar

Medidas adotadas pelo Governo Federal junto aos bancos visa ajudar que é MEI, ou tem uma micro e pequena empresa

10/05/2024 09:28 / Atualizado em 21/05/2024 14:00

Com o potencial de destravar até R$ 30 bilhões em crédito, o Programa Acredita, pretende incentivar investimentos, criar empregos e melhorar o desenvolvimento econômico. Uma das diretrizes prevê ajuda a microempreendedores individuais (MEI), micro e pequenas empresas para negociar dívidas com bancos através do Desenrola.

MEI: Lula lança Programa Acredita para estimular crédito e negociar dívida
MEI: Lula lança Programa Acredita para estimular crédito e negociar dívida - Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

O que é o programa Acredita?

O programa baseia-se em quatro eixos. O primeiro, chamado de Acredita no Primeiro Passo, representa um programa de microcrédito para inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico). Voltado aos negócios de pequeno porte, o segundo eixo se chama Acredita no Seu Negócio, e terá uma versão do Desenrola, programa de renegociação de dívidas para micro e pequenas empresas e um programa de crédito para esse público.

O terceiro eixo visa a criação de um mercado secundário (mercado de troca de ativos) para o crédito imobiliário. Chamado de Eco Invest Brasil, o quarto eixo pretende criar um programa de proteção cambial para investimentos verdes para atrair investimentos internacionais em projetos sustentáveis no Brasil.

Como vai funcionar o programa Acredita do governo federal?

As operações do Acredita no Primeiro Passo poderão chegar a até R$ 21 mil, com limite de crédito no sistema de até R$ 80 mil, equivalente a 30% do faturamento do MEI. Além disso, 50% dos recursos serão destinados a mulheres empreendedoras, e o programa não cobra taxas do beneficiário referente à utilização do fundo

A maior parte dos recursos para o programa virá do Fundo Garantidor de Operações (FGO). Formado com recursos do Tesouro Nacional, o FGO cobriu eventuais calotes de quem aderiu à renegociação da Faixa 2 do Desenrola. Outra parte virá da Empresa Gestora de Ativos (Emgea), que usará recursos próprios para estimular o crédito imobiliário.

O efeito para o Orçamento federal será pequeno e constará de renúncias fiscais, quantia que o governo deixará de arrecadar em tributos. O impacto está previsto em R$ 18 milhões para 2025, R$ 3 milhões em 2026 e nenhum em 2027.

Confira as principais medidas do Programa Acredita:

Desenrola para MEI no Programa Acredita

– Versão do Programa Desenrola Brasil destinada à renegociação de dívidas de MEI e de micro e pequenas empresas;

– Inicialmente anunciado para o primeiro trimestre, a iniciativa foi lançada com um mês de atraso;

– Dívidas inadimplentes com o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) renegociadas até o fim de 2024 poderá ser contabilizada como crédito presumido dos bancos de 2025 a 2029. Os créditos presumidos são uma espécie de incentivo do governo concedido às instituições financeiras;

– Programa entrou em vigor no dia 26 de abril, após a medida provisória ser publicada.

Quais empreendedores são elegíveis para participar do programa Desenrola MEI?

O programa édirecionado aos microempreendedores individuais (MEIs), microempresas (MEs) e empresas de pequeno porte (EPP) que se encontram em situação de inadimplência e possuem débitos junto a instituições bancárias, desde que mantenham um faturamento anual de até R$ 4,8 milhões.

Quais tipos de dividas podem ser renegociadas?

Para se qualificar para a renegociação, as dívidas empresariais devem estar em atraso por mais de 90 dias, a partir da data de lançamento do programa em 22 de abril. Não há limitações quanto ao valor da dívida ou à duração do atraso.

Qual é o nível de desconto oferecido pelo Desenrola MEI?

O ministro Márcio França, do MEMP, destacou que o programa segue o modelo da Faixa 2 do Desenrola Brasil, que proporcionou descontos variando entre 40% e 90%.

“É uma redução considerável, permitindo que os indivíduos possam liquidar suas obrigações”, afirmou durante o lançamento do programa.

Como proceder para negociar no Desenrola MEI?

Os interessados em aderir ao programa devem negociar diretamente com os bancos e instituições financeiras para resolver suas pendências.

Benefícios para os participantes do Pronampe

O programa visa auxiliar aqueles que estão em débito com o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe). Segundo o governo federal, os devedores terão a oportunidade de renegociar seus compromissos com as instituições financeiras.

“Muitas pessoas recorreram ao Pronampe durante a pandemia porque as taxas eram de 3% a 4% mais a Selic. Porém, a Selic subiu para 13% e muitos se viram em dificuldades. Agora, há a chance de refinanciar essas obrigações”, explicou. 

Crédito a MEI, micro e pequenos empresários no Programa Acredita

• Linha ProCred 360:

– Destinada a MEI e a micro e pequenas empresas com faturamento anual de até R$ 360 mil;

– Juros fixados em Selic (juros básicos da economia), mais 5% ao ano;

– Pagamento de juros no período de carência, antes do pagamento da primeira parcela;

– Início dos empréstimos em 60 dias.

• Desconto no Peac:

– Redução de 20% do Encargo por Concessão de Garantia (ECG), dentro do Peac;

– Válido para empresas de até médio porte, com faturamento de R$ 300 milhões por ano;

– Limite expandido no valor máximo dos empréstimos, de 50% do faturamento bruto anual, para empresas com Selo Mulher Emprega Mais, que tenham mulheres como sócias majoritárias ou sócias administradoras.

Renegociação para MEI no Pronampe

– Empresas inadimplentes com Pronampe podem renegociar dívidas com os bancos, mesmo após a honra das garantias, quando instituições tomam bens dados para cobrir inadimplências

Sebrae

– Capitalização do Fundo de Aval para a Micro e Pequena Empresa (Fampe) pelo Sebrae, que alcançou R$ 2 bilhões em patrimônio líquido;

– Aumento das linhas de crédito, previsão de conceder até R$ 30 bilhões nos próximos três anos.

Crédito imobiliário

– Criada para gerir ativos podres de bancos que quebraram na década de 1990, a Emgea usará cerca de R$ 10 bilhões dos próprios ativos para securitizar (converter papéis) no mercado de crédito imobiliário;

– Emgea poderá adquirir créditos imobiliários para incorporar em sua carteira ou vender no mercado, assim como títulos de valores mobiliários;

– Medida pretende fortalecer mercado secundário (troca de papéis) de crédito no setor;

– Tesouro Nacional não fará aporte à Emgea. Toda a operação será feita com recursos próprios da empresa.

Fundo Garantidor de Operações

– R$ 4 bilhões do Fundo Garantidor de Operações (FGO) para o Procred 360;

– R$ 3 bilhões do FGO para a renegociação do Pronampe;

– R$ 1 bilhão do FGO para linha Acredita no Primeiro Passo, de microcrédito a inscritos no CadÚnico.

Projetos sustentáveis

– Lançamento do Eco Invest Brasil, Proteção Cambial para Investimentos Verdes (PTE), em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Banco Central;

– Alavancagem de recursos já disponíveis no país: investimentos em reais poderão ser atrelados ao dólar, garantindo dinheiro em moeda nacional para os investidores em caso de desvalorização do real;

– PTE busca reduzir custo de proteção cambial para projetos com prazo acima de dez anos;

– Linhas de crédito a custo competitivo para financiar parcialmente projetos de investimentos alinhados à transformação ecológica que usem recursos estrangeiros;

– Programa não se propõe a interferir no mercado de câmbio;

– Público alvo: investidores estrangeiros, as empresas de projetos sustentáveis, o mercado financeiro e as entidades governamentais envolvidas em sustentabilidade.

Com informações da Agência Brasil.