Conhecer bem os temperos e saber como equilibrar perfeitamente a acidez, a picância e o amargor de cada erva em uma receita original é uma verdadeira arte! Essa alquimia dos sabores é praticada pelo cozinheiro argentino Nicolás Bollini, radicado em Belo Horizonte (MG), ao criar o molho pesto, o chimichurri e as conservas de pimenta da Curamágoa.
Com esse nome pra lá de divertido, a marca artesanal antecipa aquilo que pretende provocar em quem prova seus produtos: aquela sensação de “quentinho no peito”. Um aconchego!
“Quando criei a primeira pimenta da Curamágoa, queria encontrar uma receita que não fosse tão forte, mas que tivesse mais tempero e que fosse bem cheirosa. O nome veio desse jogo de palavras, algo que serve para curar alguém que carregasse alguma mágoa. Tinha na cabeça o nome Quita Pena, que significa a mesma coisa em espanhol, mas achei que a tradução fazia mais sentido com o produto”, revela.
Bollini ainda conta que a marca surgiu em 2014, quando ele comandava a cozinha do extinto restaurante Benfeitoria, que produzia tudo de forma bem artesanal.
Um dos carros-chefes do estabelecimento era o pão de queijo com pernil e ele criou a conserva de pimentas para acompanhar essa receita. Ao longo do tempo, a conserva foi aprimorada e conquistou cada vez mais os clientes da casa.
Atualmente, com mais de 20 anos de experiência na gastronomia, o cozinheiro também trabalha como gerente do restaurante Cozinha Tupis & Distribuidora Goitacazes, dentro do Velho Mercado Novo.
E fornece os produtos da Curamágoa para outros comércios parceiros, como a Charcutaria Tapera e o Sacolão Amazonas. Além disso, quem mora em BH e na região metropolitana pode comprar as iguarias diretamente pelo perfil da marca no Instagram.
Combinação de ervas
Um dos segredos dos sabores da Curamágoa é a escolha cuidadosa dos temperos e ervas. “Levou um tempo para encontrarmos fornecedores que nos entregassem os ingredientes com o padrão que queríamos. Acho que o grande desafio de se trabalhar com comida é justamente o de manter a qualidade. Hoje, tenho comigo pessoas queridas e de confiança”, ressalta Bollini.
Bollini entende que é importante estar contente com o produto que você está vendendo, mas também que é preciso valorizar bem seu fornecedor. “O trabalho artesanal preserva e cuida muito mais do local, porque é difícil trabalhar com fornecedores muito distantes. E isso acaba valorizando o trabalho da comunidade, o que acredito ser bem mais sustentável”, acrescenta.
Tudo na cozinha de Nicolás é feito de forma bem artesanal. Ele e a companheira Priscilla reúnem as encomendas de domingo a domingo e tiram um dia inteiro por semana para separar os ingredientes, cortar tudo, preparar e temperar, sobretudo os produtos frescos. As conservas de pimenta são produzidas em escala um pouco maior.
“Decidi descomplicar nas embalagens, por isso temos um tamanho e formato único para todos os produtos, o que facilita a compra e o estoque. Os rótulos sou eu mesmo quem desenhei, mando imprimi-los em uma gráfica do bairro. Corto e colo um a um manualmente, bem no estilo ‘faça você mesmo’”, brinca o cozinheiro.
Outro fator presente nos produtos da marca é o afeto. “Todos os produtos que lancei na Curamágoa têm a ver com as coisas que eu gosto de comer. Quando eu era criança, por ser argentino e nascido em uma família de avós e bisavós italianos, o pesto e o chimichurri eram parte do cardápio fixo da casa. Comíamos massas num dia e churrasco no outro. Aos poucos, essas lembranças viraram ‘a receita de família’ que usei e aprimorei”, recorda-se.
E todo esse cuidado, combinado com uma produção bem pequena, também contribui para que as iguarias da Curamágoa sejam ainda mais especiais.
“Nossa produção varia muito, mas vendemos em média 150 produtos por mês. A queridinha da vez tem sido a pimenta em conta-gotas defumada, que precisa de mais tempo para ficar pronta e esgota rapidinho”, comenta.