Aproveitar ao máximo os sabores e as energias de cura, relaxamento e bem-estar das ervas é a missão da Ôchá, marca artesanal que entrega aos clientes um pedacinho da natureza sob a forma de chás, temperos, banhos, incensos de flores secas, escalda pés e outros produtos.
Essa história começa em 2015, quando as amigas Kika Tartari e Tatiana Camargo, ambas formadas em gestão ambiental, deixaram os empregos no mundo corporativo para se dedicar ao negócio artesanal. Elas se conheceram na adolescência, pois passavam as férias na praia onde suas famílias tinham apartamentos.
“Trabalhávamos na mesma empresa, mas eu pedi demissão antes, porque não queria uma trajetória profissional convencional. Fui me especializar no movimento das hortas urbanas e participei de um projeto social que criava produções comunitárias para pessoas de baixa renda. Foi quando percebi a importância de trazer um pedacinho da natureza para a cidade”, conta Tatiana.
Elas tiveram o insight de que não havia muitos produtores artesanais dedicados a esse tipo de trabalho no mercado naquela época e resolveram empreender. Então, acoplaram cestinhas em duas bikes e passaram a vender chás e mudas no movimento da Paulista Aberta, aos domingos.
“Tudo era plantado por nós. Fazíamos os pacotinhos de chás e vendíamos junto com a mudinha daquela erva. A ideia era que, ao mesmo tempo que estávamos estimulando a pessoa a cultivar, já entregávamos algo pronto para ela consumir em casa”, lembra-se Kika.
Beneficiando as ervas
Atualmente, a Ôchá não vende mais as mudas de plantas. A marca também passou a produzir mais sob encomenda e a fechar seus negócios pelo site e redes sociais. Como as sócias tiveram um aumento da demanda, passaram a comprar as ervas e alguns temperos de outra amiga, que tem uma produção no município de Aiuruoca, em Minas Gerais, na região do Vale do Matutu.
“Ela cultiva há muitos anos um enorme jardim de ervas e até então não tinha como escoar a produção. Depois que fizemos essa conexão, ela nos apresentou várias outras plantas que nós não conhecíamos. Hoje, fazemos o pedido e ela nos manda as ervas já secas”, acrescenta Tatiana.
O trabalho artesanal da Ôchá passa pelo processo de beneficiamento das ervas. Ou seja, as sócias separam e escolhem as folhas, dão um toque final para essa matéria-prima – terminando, por exemplo, de secar aquelas folhas/flores que ainda não estão prontas ou combinando-as com outras ervas. Além disso, pensam na concepção de cada produto e em como apresentá-lo de forma atrativa.
Como não poderia ser diferente, as artesãs usam apenas materiais sustentáveis para confeccionar suas elegantes embalagens, como papel craft, vidro, palha, caixinhas de MDF e outros que podem ser retornáveis ou ganhar novos usos.
Os produtos ainda têm um toque artístico das artesãs: é Kika que escreve à mão, com diferentes tipos de letterings, e faz desenhos na superfície dos vidros e outros materiais. Ela também assina as ilustrações de um planner que a marca lança anualmente.
“Publicamos há três anos essa agenda que reflete a origem da nossa marca, ou seja, a vontade de não apenas vender, mas de passar conhecimentos e até promover a educação ambiental. Gostamos de contar, por exemplo, de onde vem um determinado chá e como ele é produzido. Então, o planner surgiu para compilar essas informações”, revela Kika.
E, para garantir que a Ôchá seja o mais sustentável possível, as produtoras fazem questão de conhecer bem de perto seus fornecedores. “Na verdade, metade deles já eram nossos amigos e outra parte foram indicações de pessoas próximas, por isso podemos dizer que eles são verdadeiros parceiros e nos tratam dessa forma”, elucida Tatiana.
Elas ainda contam que o maior desafio atualmente é a questão da logística. “Nós trabalhamos por demanda tanto de clientes fiéis como de empresas que montam kits para dar de brinde de fim de ano ou datas especiais. Também não conseguimos fazer estoque, porque, quando postamos uma foto nas redes sociais, o produto logo se esgota. Além disso, hoje, todo mundo quer receber as compras em casa, principalmente por conta da pandemia. Mas o maior desafio é tornar esse custo viável”, explica Kika.
Embora tenham maior foco nas vendas online, as artesãs contam que não pretendem abandonar as bikes. “Essa questão é algo da nossa identidade como marca, já que foi assim que começamos a ficar conhecidas, mas as vendas pela internet são bem maiores. A bicicleta é mais uma curtição, que nos permite ter contato com as pessoas, o que gostamos muito”, reflete Tatiana.