Artesã Vívian Ramos reverbera ancestralidade com suas peças que enaltecem a mulher preta e a identidade da mulher brasileira

A designer Vívian Ramos é apaixonada por resgatar memórias. Por isso, o trabalho manual sempre exerceu um fascínio sobre ela. A Zâmbia, marca criada pela artesã em 2017, é uma maneira de fazê-la mergulhar na ancestralidade, criando joias e acessórios que valorizam a identidade da mulher brasileira.

Suas peças cheias de cores exploram diversos materiais orgânicos, como linha, palha, madeira, pedras naturais e até metais hipoalergênicos, com banho de ouro. Assim, cada item é único, pois não existem duas pedras com o mesmo formato, por exemplo.

Catraca Livre e Eisenbahn uniram forças para criar o Guia Artesanal, um roteiro que valoriza um estilo de vida calcado no fazer, com atenção e paixão em cada detalhe.

“O artesanato recupera memórias, e algumas, talvez, nem sabemos de onde surgem. O manuseio de cada detalhe das peças emana forças em mim, e acredito que tais forças cheguem na casa de cada cliente”, conta Vívian.

Por isso, de acordo com a artesã, os produtos da Zâmbia têm a missão de enaltecer a história das mulheres pretas, exalando luxo e versatilidade. Ao mesmo tempo, ela espera que as consumidoras abracem quaisquer que sejam suas identidades; negras, indígenas, nordestinas, orientais ou mesmo europeias. “As brasileiras são vibrantes e é isso que espero transmitir com meu trabalho”.

A importância do tempo

Em seu processo criativo, a ideia da coleção surge primeiro do que as peças. E a inspiração aparece das formas mais inesperadas: por meio de uma paisagem, um filme, uma música ou reminiscências da infância. Depois, a concepção dos itens flui de maneira natural, ao sabor do tempo.

O tempo, aliás, é um dos elementos mais importantes para a atividade de Vívian. A pressa é inimiga do fazer artesanal e suas múltiplas conexões ancestrais. A Zâmbia defende a produção de peças com significado, cujo consumo não é puramente estético e impulsivo.

Isso não poderia ser diferente, já que Vívian tem contato com o artesanato desde quando era criança. Enquanto a mãe era professora e fazia trabalho manual para obter uma renda extra, a prima gerenciava esse tipo de atividade em uma cooperativa. Ou seja, desde muito cedo ela já percebia a potência desse fazer artístico.

Para confeccionar os acessórios, a designer não está sozinha! Ela conta com uma ampla rede de artesãs da baixada fluminense. São bordadeiras, crocheteiras e costureiras extremamente habilidosas. “Essa região é um celeiro de talentos, e empreender sabendo que minha empresa pode mudar a vida das pessoas é uma motivação”, comenta.

E o carinho na elaboração das peças deve permanecer na hora de preservá-las, logo após a compra. Os brincos, colares, pulseiras, cintos, anéis e pingentes precisam ser protegidos do calor, da umidade e de produtos químicos. Além disso, a limpeza deve ocorrer apenas com flanelas secas.

E, para manter uma teia de afeto sempre ativa, o conserto das peças acontece de maneira gratuita, desde que o dano não tenha sido causado por mau-uso ou queda.