As múltiplas tonalidades da cor azul são combinadas nas fotografias da Cianó para criar trabalhos bem originais, capazes de trazer todo aquele charme e elegância das galerias de arte para as paredes da sua casa. A marca experimenta e mantém viva uma técnica de revelação fotográfica do século 19 chamada de cianotipia.
Desde 2019, o casal de fotógrafos Miriã Regis e Dalton Gomes Filho adapta e atualiza esse processo artesanal centenário, sempre explorando a imensidão da natureza, com suas linhas e nuances. A ideia surgiu quando eles voltaram de uma viagem pela América do Sul e pensaram em usar a cianotipia para imprimir as imagens que tiraram por lá.
“Queríamos vivenciar essas memórias e demonstrar o máximo possível das imensidões com as quais nos deparamos nessa viagem. Até então, nós só fazíamos as cianotipias em tamanhos menores, e tivemos vontade de ampliá-las. Foi um baita desafio, tivemos que aumentar todas as proporções dos nossos materiais e adequar o nosso espaço”, lembra Miriã.
Ela ainda conta que o casal aprendeu sobre essa técnica tradicional na faculdade de fotografia, com o professor e historiador Humberto Pimentel. “A cianotipia foi muito usada para duplicar documentos, e foi com ela que Anna Atkins lançou o primeiro livro de fotografias da História, em 1843. Ela era uma botânica que catalogou diversas espécies de algas para a obra científica”, acrescenta.
Embora pareça simples, esse processo de revelação artesanal é bastante trabalhoso e combina o digital e o analógico. Tudo começa com a escolha minuciosa de uma imagem para ser revelada, uma vez que nem todas as fotografias se saem tão bem com a técnica.
Os artistas tratam as imagens em softwares de edição, trabalhando especificamente as escalas de cinza e definindo as proporções ideais para fazer a impressão dos negativos.
Em seguida, eles emulsionam o papel com uma solução sensível à luz, que depois de seco, é colocado em contato com o negativo em uma caixa de luz. O processo segue com uma lavagem na impressão para eliminar substâncias químicas que não reagiram à luz e é a partir daí que a imagem começa a se revelar na tonalidade azul da Prússia.
É durante a secagem desse papel, que o tom de azul começa a escurecer, chegando ao resultado característico do trabalho da dupla, que finaliza o processo emoldurando a impressão.
“Optamos por um estilo de moldura que desse mais vida para as nossas artes, por isso, decidimos usar uma com profundidade, de madeira natural e de cor média – para criar um contraste interessante com o azul. A ideia é que os quadros se tornassem peças, como se estivessem ‘saltando’ da parede”, revela a fotógrafa.
O tempo do artesanal
Para ficarem prontas, as artes da Cianó demoram em média de 3 a 4 dias, dependendo do tamanho da obra e do clima. E, de acordo com Miriã Regis, este é um dos maiores obstáculos para o trabalho artesanal – além da necessidade de encontrar todos os materiais necessários e de entender como a técnica funciona de fato para cada imagem.
“Acreditamos que o maior desafio é trabalhar a paciência. É preciso quebrar o imediatismo e valorizar todo o caminho percorrido para se chegar ao resultado. Precisamos viver o processo, ter uma história e um valor afetivo para arte. É algo que a torna muito mais interessante”, explica.
E o que motiva a marca artesanal é justamente essa possibilidade de manter a técnica viva, criando novas maneiras de expressá-la, ao misturar diferentes reagentes, fazer outras diluições, testar novas matrizes, imprimir em outros suportes e criar formas a partir disso.
Por tudo isso, ao levar para casa um quadro da Cianó, com todo esse estilo, você pode ter certeza de que não irá encontrar a mesma arte em nenhuma outra parede.
“O mais interessante desse processo é que ele nos oferece diferentes resultados – até se utilizarmos o mesmo negativo. As surpresas sempre aparecem, mas são muito bem-vindas na nossa forma de trabalhar, pois acreditamos que elas fazem parte do percurso”, conclui.