O cenário artesanal em Porto Alegre é pulsante! A capital abriga um efervescente circuito de feiras criativas, que funcionam não apenas como um paraíso para quem adora comprar produtos feitos à mão, mas também como uma vitrine para a comunidade de artesãos de todo o Rio Grande do Sul – e até de outros estados dessa região do país.
Para oferecer ao público um cardápio perfeito e variado de produtos artesanais, as feiras apostam em uma curadoria que, no geral, se pauta pela originalidade, criatividade, qualidade, diversidade e – sobretudo – paixão dos pequenos produtores.
O Guia Artesanal te ajuda a conhecer melhor esse universo incrível ao apresentar três eventos tradicionais da capital gaúcha, onde é possível encontrar os mais variados tipos de produtos: artes, artigos de moda, objetos de design e decoração, gastronomia e tudo o que a criatividade pode alcançar.
Brique da Redenção
Parada obrigatória para quem passa ao redor do icônico Parque Farroupilha aos domingos, das 9h às 17h, o Brique da Redenção é uma das feiras criativas mais antigas de POA – já que existe desde 1978!
Com 300 expositores, o evento comercializa basicamente artesanato, artes plásticas, gastronomia e itens de antiquários. Esses pequenos produtores são escolhidos por uma comissão que preza pela autenticidade de cada participante.
É o que conta a artesã Rose Perolito, que vende brinquedos educativos por lá há mais de 27 anos e atualmente cuida da página da feira nas redes sociais. “A comissão é formada por 11 artesãos eleitos pelos expositores em assembleia. A eles cabe cuidar do bom andamento do evento e verificar se o que estamos comercializando é exatamente o que nós mesmos produzimos – algo crucial para ser expositor da feira”, acrescenta.
A empreendedora conta que o contato com o público e outros artesãos a ajudou a consolidar a própria marca. Rose Perolito, que também é educadora, entrou para o universo artesanal depois de perceber que os brinquedos pedagógicos inventados por ela faziam toda a diferença no ensino,
“Trabalhar no Brique só me fez crescer ainda mais como profissional, pois trocamos muito com os clientes; a cada domingo tenho uma nova experiência. Hoje, a feira tem expositores da capital, da região metropolitana, de cidades da serra, do litoral… Enfim, vem gente de vários lugares”, reflete.
Além de ser muito relaxante, para ela, o trabalho artesanal é capaz de dar mais sentido ao produto. “Nossa arte traz consigo um pouquinho do nosso amor e dedicação. Pode ter certeza de que, junto com cada peça, o cliente leva para casa um pouquinho de nós – ao contrário do que é industrializado, sem vida e feito de forma mecânica”, filosofa.
Feira Me Gusta
Já a publicitária e produtora de eventos Pamela Morrison, criadora da feira itinerante Me Gusta, enxerga a filosofia por trás do fazer artesanal como uma forma de refúgio à enorme quantidade de informações da era digital.
“O trabalho manual proporciona maior tempo de observação e construção do pensamento, desenvolve a concentração. Tudo isso é cada vez mais importante nos tempos em que vivemos, como uma forma de ‘desintoxicação’ desse excesso de estímulos digitais aos quais estamos expostos o tempo todo”, completa.
Além da oferta de produtos artesanais únicos, é por meio de atrações artísticas, como teatro, dança, música e oficinas, que a Me Gusta proporciona aos visitantes ainda mais motivos para fugir das telas. Criado em 2014, o evento surgiu em comemoração ao aniversário de cinco anos da Revista J’adore, que é distribuída gratuitamente e trata do universo da cultura. Ao longo dessa trajetória, a feira itinerante, que geralmente acontece no segundo domingo de cada mês, já recebeu mais de 1.600 expositores de arte, roupas, acessórios de moda, livros usados, discos, calçados, gastronomia e variedades.
A organizadora conta que, como o evento pretende encher os espaços públicos com mais vida e fomentar a troca e a conexão entre as pessoas, todos podem participar. “Eu avalio cada uma das inscrições, mas como o nosso foco é ser um espaço de oportunidades, dificilmente alguma marca ou pessoa é vetada, exceto quando o produto foge muito da identidade da feira”, explica.
As mais de 60 edições da Me Gusta aconteceram em vários espaços de POA, como a Casa de Cultura Mário Quintana, a Praça Garibaldi, o Largo Zumbi dos Palmares e a Rua da República, mas tem um carinho especial pela Praça Isabel, a Católica, onde já parou várias vezes. Para acompanhar as próximas datas e locais, basta ficar ligado(a) aqui no site e nas páginas do evento nas redes sociais.
“Nós queremos fomentar a economia criativa e valorizar o trabalho local, dos pequenos produtores e dos produtos feitos à mão. Várias pessoas que frequentam a feira acabam se inspirando e criam as próprias marcas artesanais”, adiciona.
Open Feira de Design
Quando o assunto é profissionalização dos pequenos produtores artesanais, fica difícil não mencionar a Open Feira de Design, criada em 2015 pela produtora cultural e professora Camila Farina, diretora da agência Maria Cultura.
Mais do que um evento pontual, esta é uma plataforma para desenvolvimento do “design independente”, conceito usado pela idealizadora para se referir à produção não industrial de artigos de moda, mobiliário, decoração, brinquedos e utilitários em geral.
Depois de perceber que seus alunos não tinham onde escoar tanta criatividade, Farina decidiu usar sua rede de contatos para criar uma plataforma na qual todos esses profissionais pudessem vender seus produtos e se desenvolver.
Desde então, tem organizado eventos com características específicas. Entre eles, estão a Open Especial, que ocupa locais diferentes e inusitados de POA; a Open Select, mostra e conferência de design independente que reúne pequenos produtores de todo o Brasil; e a Open Viva, um evento mensal com marcas artesanais regionais.
“Falar em produção artesanal é dar conta de algo muito maior que o design independente. Na nossa área, o desafio é encontrar espaço para crescimento, porque possibilidade de exposição já temos bastante. São inúmeras feirinhas surgindo, assim como lojas e outros canais de venda. No entanto, esse profissional criativo ainda é invisível e mesmo as feiras seguem lutando para serem reconhecidas como um setor importante da economia”, reflete Farina sobre os desafios enfrentados pelos pequenos produtores.
Ao longo de toda a sua trajetória, a Open Feira de Design já recebeu mais de 1.000 marcas artesanais e atualmente mantém mais de 500 delas ativas. Para saber quando acontecem os próximos eventos, é preciso ficar atento(a) aqui no site e redes sociais da plataforma.