Do casamento perfeito entre a riqueza étnico-cultural brasileira e a vasta biodiversidade de cada região do país, nasceu a YVY Destilaria, uma destilaria artesanal mineira que produz gins cheios de personalidade, sabores e ótimas histórias.
A marca, cujo nome vem do tupi-guarani e significa literalmente “o chão que pisamos”, tem a missão de traduzir em forma de bebida algumas iguarias que simbolizam a formação da identidade cultural brasileira, os saberes ancestrais dos povos nativos, a influência dos imigrantes de várias nacionalidades, a miscigenação e as alteridades presentes em cada canto do país.
Essas especiarias são misturadas ao zimbro, uma espécie de baga que nasce em quase todo o hemisfério norte do planeta e é o ingrediente obrigatório em todos os tipos de gin. E, a partir de diferentes processos de destilação, essa mistura dá origem a uma bebida artesanal e carregada de significados.
A trajetória da YVY começa em 2016, quando o empresário André Sá Fortes, deixou a sociedade do bar MeetMe, que era bastante conhecido em BH pela coquetelaria, e começou um estudo mais aprofundado das bebidas destiladas.
“Como eu me preocupava em trazer novidades para o bar, ficava incomodado com a pouca variedade de marcas brasileiras de destilados e com altos custos da bebida. Depois que saí da sociedade, viajei a Londres para participar de feiras de produção de gin e em uma delas conheci Darren Rook, que já tinha experiência na Inglaterra com destilação de gin, uísque e outras bebidas”, conta.
Quando soube da proposta do empreendedor brasileiro, o mestre destilador inglês logo topou a sociedade, que, mais tarde, ficaria completa com a entrada de Bernardo Bedran, encarregado pelas partes administrativa e financeira do negócio; Pedro Lamounier, responsável pela produção e relacionamento cuidadoso com os fornecedores; e Fued Sadala, um empreendedor mais experiente nesse mercado.
Expedição para o processo
A forma encontrada pelos sócios da YVY para transformar todos os valores que buscavam em processos artesanais surgiu depois uma expedição pelos seis principais biomas brasileiros – Mata Atlântica, Amazônia, Pantanal, Cerrado, Pampa e Caatinga – à procura de ingredientes, histórias e conhecimentos sobre as pessoas que vivem nesses lugares.
“São muitos povos, tradições culinárias, medicinas tradicionais e culturas diferentes. Conhecemos peculiaridades de cada região e entendemos o que tinha potencial para ser usado na nossa produção. Era preciso encontrar um equilíbrio para cada receita. E, ao mesmo tempo, precisávamos escolher ervas que tivessem capacidade de produção em escala”, explica Fortes.
E o resultado dessa expedição foi o desenvolvimento de duas linhas de gins artesanais da YVY: a Trilogia Mar, Terra e Ar, os produtos permanentes da marca; e os Gins Territórios, diferentes tipos da bebida para cada um dos seis biomas visitados pelos sócios, lançados em edição super limitada.
Alquimia de especiarias
Os gins da trilogia da YVY provocam diferentes percepções sensoriais em quem os consome. O Mar, mais puxado para o sabor das iguarias, representa os imigrantes que ajudaram a construir a cultura brasileira e é feito com iguarias que essas pessoas trouxeram ao país, como cardamomo, noz-moscada, canela, limão siciliano e amêndoa.
Simbolizando os povos nativos, o Terra tem sabor mais fechado, terroso e herbáceo. É feito com pacová, raiz de calunga, pinhão e cacto xique-xique. Já o Ar, mais fresco, frutado e cítrico, faz referência ao Brasil contemporâneo e miscigenado e tem como ingrediente de destaque o moranguinho silvestre, fruta nativa.
Quanto ao processo de fabricação de cada uma dessas bebidas, há pequenas diferenças entre elas. De modo geral, todos começam com a seleção cuidadosa e processamento dos botânicos. Em seguida, esses ingredientes passam pela destilação no alambique e, depois, por um processo de diluição para se chegar ao teor alcoólico desejado.
Depois disso tudo, o gin descansa em um tanque de inox por algumas semanas para que as moléculas voláteis da bebida interajam, formem novos compostos e assentem.
“Na fabricação do Terra, por exemplo, o zimbro passa por uma torra antes da destilação. No Ar, os ingredientes não são misturados diretamente com líquido do alambique, mas sofrem uma destilação por arraste, quando o vapor do álcool apenas passa por eles. E o moranguinho silvestre é adicionado em pequena quantidade depois da destilação”, comenta.
Já a linha Territórios tem ingredientes mais difíceis de se encontrar. “Quisemos usar especiarias super sazonais, de produtores muito pequenos ou de eco extrativismo para desenvolver essas edições. E a produção teve apenas 1200 garrafas para cada um dos seis biomas. São receitas praticamente irreplicáveis, que aconteceram de forma muito natural e empírica, no decorrer de cada uma das nossas viagens”, orgulha-se Fortes.
Respeito à natureza
O cuidado com a escolha das especiarias exige que a YVY tenha um relacionamento muito próximo com os fornecedores. “É super desafiador achar pequenos produtores que trabalhem com esses ingredientes mais exóticos e consigam entregá-los na quantidade e qualidade que precisamos. Eles também devem trabalhar com as políticas éticas e valores que pregamos na nossa empresa”, revela o empresário.
Fortes conta que o caráter artesanal da produção é justamente ter esses cuidados com a qualidade de todos os processos. E que a empresa tem como objetivo, a longo prazo, popularizar os ingredientes brasileiros menos conhecidos no país.
“Queremos realmente produzir grandes volumes, para conseguir aumentar a demanda pelos ingredientes brasileiros, e, dessa forma, gerar mais fonte de renda relevante para os pequenos produtores, que são nossos grandes parceiros. A ideia é gerar um impacto tanto para o cliente final como para toda a cadeia produtiva”, antecipa.
Atualmente, a YVY vende mais de 15 mil garrafas de gin por mês e a partir de 2021 pretende dar início à produção de outros tipos de destilados, sempre seguindo esse respeito à natureza e à qualidade do produto. Vamos aguardar ansiosamente!