Meta é alavancar R$ 50 bi para negócios de impacto

A crise político-econômica que o Brasil atravessa não impacta a meta da Força Tarefa de alavancar até 2020 R$ 50 bilhões para finanças sociais e negócios de impacto, avaliam especialistas que integram o movimento.

“Do lado do governo, as finanças sociais são verdadeiras aliadas, por trazerem um modelo de mensuração de impacto e não apenas resultados”, pondera Célia Cruz, do Instituto de Cidadania Empresarial (ICE).

“Do lado das empresas, estas podem mover muito capital para o campo se decidirem destinar um percentual de suas compras não estratégicas para os negócios de impacto, como comprar alimentos orgânicos.”

Por fim, pondera, ainda não está claro se a crise atual impactará as famílias de alta renda. “Acredito que fundações poderão ter alguma redução em seus orçamentos, e famílias arriscarão menos”, pontua.

A avaliação de Andre Degenszajn, secretário-geral do Gife e membro da Força Tarefa, é a de que o cenário imediato dificulta o objetivo, mas não o compromete. “A meta é para o longo prazo, então temos de olhar além da crise.”

E completa: “A crise política tende a ser mais um obstáculo do que a econômica, pois esses recursos já existem, não têm de ser criados, e estão sendo aplicados em negócios sociais. Já a instabilidade política pode dificultar as negociações, pois o Estado tende a ser menos favorável a experimentar e correr riscos”.

Leonardo Letelier, da Sitawi, avalia que “a crise atual, como todas as crises, pode ser um momento de oportunidade”. Para ele, “a falta de recursos, em geral, faz com que alguns preconceitos caiam, como o governo ter mais abertura para incluir soluções privadas para desafios sociais, e as organizações sociais, mais abertura para incluir abordagens de negócios”.

Já na avaliação de Graziella Comini, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP, a crise político-econômica afeta particularmente as organizações intermediárias que ajudam na consolidação do setor: “Muitas delas tiveram o orçamento diminuído. E o orçamento público também está fragilizado, o que impactará, por exemplo, a canalização de recursos para organizações como o Sebrae, Finep e  BNDES”.

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Por QSocial