Fifa endurece regras contra racismo: clubes poderão ser rebaixados em casos graves

Novas medidas da Fifa pretendem tornar mais rígido o enfrentamento ao racismo no futebol - dentro e fora de campo 

29/05/2025 20:02 / Atualizado em 03/06/2025 16:38

Novas medidas da Fifa pretendem tornar mais rígido o enfrentamento ao racismo no futebol – dentro e fora de campo  – Fifa/Divulgação
Novas medidas da Fifa pretendem tornar mais rígido o enfrentamento ao racismo no futebol – dentro e fora de campo  – Fifa/Divulgação

A Fifa anunciou mudanças importantes em seu regulamento disciplinar nesta quinta-feira, 29. A entidade decidiu adotar medidas mais duras no combate ao racismo no futebol. A partir de agora, clubes e federações que não lidarem de forma adequada com casos de discriminação correm o risco de sofrer punições severas — que vão desde multas pesadas até o rebaixamento de equipes.

Segundo o novo protocolo, qualquer jogador ou membro das equipes pode relatar ao árbitro um episódio de racismo. Ao receber a denúncia, a arbitragem deverá acionar imediatamente o protocolo oficial: cruzar os braços em X, interromper a partida e, se necessário, suspendê-la ou encerrá-la de forma definitiva.

As penalidades financeiras também foram ampliadas. A multa mínima para clubes ou entidades será de 20 mil francos suíços (aproximadamente R$ 137 mil). Em casos mais graves ou de reincidência, a sanção pode chegar a 5 milhões de francos suíços — cerca de R$ 34 milhões. Esse valor representa uma exceção, já que até então o limite era de 1 milhão de francos.

Fifa: Outras medidas contra o racismo

Em situações repetidas, a Fifa poderá aplicar punições esportivas rigorosas: perda de pontos, jogos com portões fechados, exclusão de competições e até o rebaixamento automático da equipe envolvida.

As federações nacionais terão até 31 de dezembro deste ano para adaptar suas normas aos novos critérios estabelecidos pela Fifa. A entidade máxima do futebol também se reservou o direito de intervir em casos que considere mal conduzidos pelas federações, podendo recorrer à Corte Arbitral do Esporte (CAS).

Para o presidente da Fifa, Gianni Infantino, essas mudanças reforçam o compromisso da organização com o combate à discriminação. “O racismo não é apenas um problema do futebol — é um crime. Por isso, estamos trabalhando com governos e com a ONU para garantir que o racismo seja tratado como crime em todas as legislações nacionais”, declarou.

Novos protocolos contra episódios de racismo foram anunciados nesta quinta-feira, 29, na sede da entidade em Zurique, na Suíça – iStock/Jetlinerimages
Novos protocolos contra episódios de racismo foram anunciados nesta quinta-feira, 29, na sede da entidade em Zurique, na Suíça – iStock/Jetlinerimages - Getty Images

Casos recentes reacendem alerta

O anúncio da Fifa vem após uma série de episódios de racismo envolvendo jogadores sul-americanos. Um dos mais recentes ocorreu durante a Libertadores, entre São Paulo e Talleres. O atacante do clube argentino, Navarro, foi ofendido por um jogador tricolor, supostamente chamado de “venezuelano morto de fome”. A cena comoveu o estádio, e o atleta precisou ser consolado até por adversários.

Outro caso marcante envolveu Luighi, do Palmeiras, durante a Libertadores Sub-20. Ao ser substituído contra o Cerro Porteño, o atacante foi alvo de gestos racistas vindos da arquibancada. Ele chorou no banco de reservas, e o episódio gerou forte repercussão. A Conmebol, no entanto, foi criticada pela punição considerada branda ao clube paraguaio, que recebeu multa de US$ 50 mil e teve torcida proibida apenas na competição de base.

A nova postura da Fifa pretende justamente evitar esse tipo de complacência, tornando mais rígido o enfrentamento ao racismo no futebol — dentro e fora de campo.
 
Nova postura da Fifa pretende tornar mais rígido o enfrentamento ao racismo no futebol – dentro e fora de campo