A inteligência artificial resolveu um dos maiores mistérios da arqueologia na história

A inteligência artificial, combinada a imagens aéreas e drones, permitiu revelar centenas de novos geoglifos

13/08/2025 08:00

Por décadas, o deserto costeiro do Peru guardou um enigma que intriga cientistas desde o início do século XX: as Linhas de Nazca.

Essas figuras gigantes, visíveis apenas do alto, foram criadas por uma civilização pré-inca e espalham-se por dezenas de quilômetros quadrados.

Agora, um salto tecnológico ajudou a reescrever essa história. A inteligência artificial, combinada a imagens aéreas e drones, permitiu revelar centenas de novos geoglifos, transformando a compreensão desse patrimônio arqueológico.

A inteligência artificial resolveu um dos maiores mistérios da arqueologia na história

O mistério envolve o propósito e a extensão das figuras esculpidas no solo árido entre aproximadamente 200 a.C. e 700 d.C. Antes de 2024, eram conhecidas pouco mais de 400 imagens, representando animais, figuras humanas e padrões geométricos.

Mas havia a suspeita de que outras permaneciam ocultas, escondidas pelo tempo e pelas condições do terreno.

A confirmação veio quando pesquisadores japoneses e peruanos, utilizando algoritmos de reconhecimento de padrões, mapearam áreas promissoras a partir de fotografias aéreas de alta resolução.

Os resultados superaram expectativas: 303 novos geoglifos foram identificados, alguns com apenas alguns metros de extensão, outros com proporções monumentais, chegando a 370 metros de comprimento.

Entre as figuras, aparecem humanoides, animais domésticos e até representações de cabeças, contrastando com as imagens mais antigas que retratam, em geral, animais selvagens.

A descoberta quase dobrou o número de geoglifos conhecidos e revelou detalhes que indicam diferentes períodos e funções para essas obras.

A técnica empregada mudou o ritmo das escavações e estudos. Segundo especialistas, o que antes exigia anos de observação em campo agora pode ser feito em dias.

Drones percorreram quilômetros do deserto, registrando imagens que a IA analisou em busca de traços regulares e padrões visuais impossíveis de perceber a olho nu.

Embora as máquinas façam a triagem inicial, a validação final permanece nas mãos dos arqueólogos, garantindo a precisão das descobertas.

Descoberta amplia compreensão e cria novas teorias sobre o mistério da área

O impacto é duplo. Por um lado, amplia-se a compreensão da cultura Nazca, que também construiu sofisticados sistemas de irrigação e produziu cerâmica elaborada.

Por outro, abre-se espaço para novas teorias sobre o significado das figuras: caminhos rituais, mensagens aos deuses, registros astronômicos ou simples expressões artísticas.

A própria diversidade das imagens recém-descobertas sugere que não havia um único propósito.

Graças à inteligência artificial, um dos maiores quebra-cabeças da arqueologia ganhou novas peças.

E, embora o mistério não esteja totalmente solucionado, a tecnologia mostrou que é possível revelar capítulos inteiros da história que permaneceram invisíveis por mais de dois milênios.