Algo surpreendente no chute após as fezes pode mudar o jeito que você passeia com seu cão

O mistério das patas traseiras e a comunicação invisível entre os animais

Entre os muitos comportamentos curiosos dos cães, um deles chama bastante atenção: o hábito de dar “chutes” ou arranhar o chão logo depois de fazer fezes. À primeira vista, pode parecer que o animal está tentando esconder as fezes, como fazem alguns gatos, mas estudos em comportamento canino indicam que a explicação é bem diferente e está ligada à comunicação, ao território, à preparação do ambiente e até ao estado emocional do animal.

Esse movimento, que lembra um chute para trás com as patas traseiras, é observado em cães de diferentes raças, tamanhos e idades
Esse movimento, que lembra um chute para trás com as patas traseiras, é observado em cães de diferentes raças, tamanhos e idadesImagem gerada por inteligência artificial

Por que os cães arranham o chão depois de fazer fezes?

Esse movimento, que lembra um chute para trás com as patas traseiras, é observado em cães de diferentes raças, tamanhos e idades. Muitos tutores associam o comportamento a uma espécie de “manobra de limpeza”, mas o que acontece ali é um ritual complexo, com funções específicas e ligadas à comunicação e ao ambiente.

O “chute” após as fezes é conhecido como ground scratching ou arranhar o solo, e ocorre principalmente depois de o cão fazer fezes, embora também possa acontecer após o xixi. O objetivo não é cobrir a sujeira, e sim marcar território, reforçar sinais de comunicação com outros cães e, em alguns casos, preparar o local, além de refletir o estado emocional do animal.

Quais cães apresentam com mais frequência o chute após as fezes?

Esse comportamento é observado em cães de ambos os sexos, mas costuma ser mais frequente em machos, sobretudo os não castrados. Muitas fêmeas também apresentam o hábito, dependendo de contexto social, idade, rotina de passeios e interação com outros cães na vizinhança.

Pesquisas em comportamento animal sugerem que esse hábito é observado em cerca de 10% dos cães, o que mostra que não é tão universal quanto muitos tutores imaginam. A genética, o ambiente e as experiências de vida do cão influenciam se o arranhar o solo se tornará um comportamento recorrente.

Como funciona a comunicação por cheiro e feromônios nesse comportamento?

Ao arranhar o chão, o cão espalha o cheiro das fezes e da urina e libera substâncias de glândulas presentes nas patas. Essas glândulas odoríferas produzem feromônios, sinais químicos que transmitem informações específicas para outros cães e são fundamentais na marcação territorial e na comunicação olfativa.

Essa combinação cria uma espécie de “cartaz de avisos” no ambiente, informando quem passou ali, seu sexo, idade aproximada e até se está em período reprodutivo ou em alerta. Em alguns indivíduos, o arranhar também pode ter função semelhante à de quando o cão mexe no chão antes de deitar, ajustando a superfície e afastando pequenos detritos.

O que o chute após as fezes comunica aos outros cães?

Quando o animal realiza esse gesto, amplia o alcance do cheiro, deixa um rastro mais evidente e sinaliza confiança em relação ao território, registrando a própria presença.

Além da marcação territorial, o chute pode estar associado ao estado emocional, revelando excitação, leve nervosismo ou simples hábito reforçado ao longo da vida. Em alguns casos, também funciona como forma de descarregar tensão, sobretudo após encontros sociais intensos com outros cães.

Esse movimento, que lembra um chute para trás com as patas traseiras, é observado em cães de diferentes raças, tamanhos e idades
Esse movimento, que lembra um chute para trás com as patas traseiras, é observado em cães de diferentes raças, tamanhos e idadesImagem gerada por inteligência artificial

Quando arranhar o chão pode indicar um problema de saúde ou comportamento?

Na maioria das situações, o ato de arranhar o chão depois das fezes é considerado um comportamento normal em cães saudáveis. Porém, mudanças bruscas na intensidade, frequência ou forma do movimento exigem atenção, especialmente em ambientes urbanos com muitas superfícies duras e abrasivas.

Quando o tutor percebe alteração nesse padrão, é importante observar o corpo e a rotina do animal. Alguns sinais ajudam a identificar quando o comportamento pode estar relacionado a dor, lesão ou ansiedade e exigem avaliação profissional:

🚨 Comportamento observado 🔍 Possível sinal de alerta
Chutar o chão de forma exagerada e repetitiva Pode indicar tentativa de aliviar tensão, frustração ou desconforto físico fora do comportamento normal.
Demonstração de dor ou desconforto Mancar, lamber excessivamente as patas ou evitar apoio sugerem dor nas articulações, unhas ou almofadas.
Arranhar superfícies duras até se machucar Risco de ferimentos nas almofadas plantares e possível comportamento compulsivo.
Início súbito do comportamento Mudanças repentinas em cães que nunca fizeram isso antes merecem investigação veterinária ou comportamental.
Uso do “chute” para descarregar emoções Pode ser resposta constante ao estresse, ansiedade, medo ou excesso de estímulos no ambiente.

Como funciona a marcação territorial por meio do chute canino?

A marcação territorial envolve fezes, urina e sinais visuais e olfativos deixados no chão. Ao espalhar o cheiro com o chute, o cão amplia o raio de alcance da sua mensagem, usando as glândulas das patas para liberar odores específicos e individualizados.

Esses odores, combinados ao cheiro das fezes e da urina, funcionam como uma “assinatura química” que informa presença, identidade e nível de confiança no território. Isso ajuda outros cães a ajustar o próprio comportamento, evitando conflitos e organizando a convivência em ruas, praças e parques.

O que os tutores podem fazer para manejar esse hábito com segurança?

Como o chute após as fezes faz parte do repertório natural dos cães, geralmente não é necessário impedir o comportamento. O ideal é administrar o contexto, principalmente em áreas públicas ou dentro de casa, evitando danos a jardins, pisos delicados e às próprias patas do animal.

✅ Ação recomendada 💡 Objetivo do cuidado
Observar sinais físicos Verificar se há dor, sangramento, rachaduras ou desgaste excessivo das unhas e das almofadas das patas.
Evitar superfícies muito abrasivas Reduzir caminhadas longas e repetitivas em asfalto quente ou pisos ásperos que podem causar desconforto.
Oferecer pausas para descanso Especialmente importante para cães idosos ou com problemas articulares, evitando sobrecarga física.
Buscar orientação veterinária Essencial se o comportamento surgir de forma repentina ou vier acompanhado de outros sintomas.
Observar o contexto emocional Identificar se o hábito aparece em momentos de agitação, ansiedade ou estresse ajuda a entender a causa.