Aquecimento global pode chegar a 3,6ºC, indica relatório da ONU
Reduzir o aquecimento global para o limite de 1,5ºC ainda é uma meta possível, mas exige compromisso internacional
Recentemente, um relatório sobre Lacuna de Emissões, divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), lançou um alerta sobre mudanças climáticas: se mantida as políticas ambientais adotadas hoje, o aquecimento global pode chegar a 3,6º graus ao longo do século.
Reduzir o aumento para o limite de 1,5ºC ainda é uma meta possível, mas exige que os países diminuam em 42% as emissões de gases de efeito estufa até 2030 e em 57% até 2035, ainda aponta o estudo.
Como vai a responsabilidade ambiental no mundo?
O relatório também mostra que os compromissos das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) assumidos pelos países signatários do Acordo de Paris para 2030 não estão sendo cumpridos, e mesmo que fossem, seriam insuficientes para manter a temperatura abaixo de 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais.
Se todos os países cumprissem estritamente suas NDCs até 2030, a temperatura ainda subiria 2,6ºC. No caso de apenas as metas incondicionais serem cumpridas, essa elevação seria de 2,8ºC. Com as políticas atuais, o planeta enfrentaria um aumento de até 3,1ºC.
Em pronunciamento à imprensa, o secretário-geral da ONU, António Guterres, ressalta a urgência de ação imediata, especialmente durante a próxima rodada de negociações na COP29, de 11 a 22 de novembro. “Estamos sem tempo. Fechar a lacuna de emissões é fechar as lacunas de ambição, implementação e financiamento”, afirma ele.
O que precisa ser feito para reduzir o aquecimento global?
Com um novo referencial, usando 2019 como base, o relatório indica que, para limitar o aquecimento abaixo de 2ºC, seria preciso reduzir as emissões em 28% até 2030 e 37% até 2035. Os cientistas alertam que atrasos nessa ação já trazem impactos irreversíveis, como o recorde de 57,1 gigatoneladas de CO₂ equivalente emitidas em 2023.
Guterres alerta ainda para a relação direta entre emissões recordes e eventos climáticos extremos, que têm se tornado mais devastadores. “Emissões recordes resultam em temperaturas marinhas recordes, intensificando furacões; calor extremo transforma florestas em barris de pólvora e cidades em saunas; e chuvas recordes causam inundações bíblicas”, enfatiza.
Para atingir as metas, o relatório sugere caminhos, como investir em energias renováveis, especialmente solar e eólica, que podem reduzir as emissões em até 27% até 2030 e 38% até 2035. A gestão sustentável das florestas, com menos desmatamento e mais reflorestamento, poderia diminuir as emissões em 19% até 2030 e em 20% até 2035.
A transição para emissões líquidas zero até 2050 também terá um custo: estima-se que será necessário entre US$ 0,9 e 2,1 trilhões ao ano, de 2021 a 2050. Esses valores, segundo o relatório, são consideráveis, mas viáveis no contexto de uma economia global que gira em torno de US$ 110 trilhões.
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