Estudo revela como os cães podem “adquirir” traços de personalidade de seus donos

Entre os aspectos mais notáveis está a ligação entre o estado emocional dos donos e o comportamento de seus cães

16/06/2025 18:45

Entre os aspectos mais notáveis está a ligação entre o estado emocional dos donos e o comportamento de seus cães – Wavetop/iStock
Entre os aspectos mais notáveis está a ligação entre o estado emocional dos donos e o comportamento de seus cães – Wavetop/iStock - Getty Images/iStockphoto

Você já ouviu dizer que os cães se parecem com seus donos? Mais do que um dito popular, essa ideia acaba de ganhar respaldo científico. Uma nova análise de estudos internacionais aponta que os vínculos entre humanos e cães podem ir muito além do afeto — espelhando características tanto físicas quanto de personalidade.

A pesquisa, que reuniu evidências de diferentes partes do mundo, revela que a convivência entre cães e tutores pode levar a afinidades surpreendentes: desde o formato dos olhos até níveis de ansiedade, extroversão e sociabilidade. Em muitos casos, os animais de estimação acabam incorporando — ou revelando — traços que lembram aqueles de quem cuida deles.

Além da aparência: o reflexo emocional

Entre os aspectos mais notáveis está a ligação entre o estado emocional dos donos e o comportamento de seus cães. Estudos sugerem que essa sintonia pode surgir por meio de reforço inconsciente, observação e até mimetismo comportamental. Donos ansiosos, por exemplo, tendem a ter cães mais reativos, enquanto pessoas extrovertidas costumam ter animais mais sociáveis.

Em muitos casos, os animais de estimação acabam incorporando — ou revelando — traços que lembram aqueles de quem cuida deles – Ekaterina Vakhrusheva/iStock
Em muitos casos, os animais de estimação acabam incorporando — ou revelando — traços que lembram aqueles de quem cuida deles – Ekaterina Vakhrusheva/iStock - Getty Images

“Esses vínculos podem ser formados pela regulação emocional mútua”, explica Renata Roma, pesquisadora da Universidade de Saskatchewan, no Canadá, em artigo publicado no periódico especializado The Conversation . “Assim como convivemos melhor com pessoas que compartilham valores ou comportamentos, esse padrão pode se estender também à nossa relação com os cães.”

Quando a rotina dita o ritmo da convivência

Outro ponto levantado pela análise é o impacto do estilo de vida. Em um dos estudos revisados, pesquisadores encontraram uma correlação direta entre o IMC (Índice de Massa Corporal) dos donos e o peso dos cães. O elo? Uma rotina compartilhada. Alimentação, hábitos de lazer, níveis de atividade física — tudo isso cria paralelos entre humanos e animais.

Mesmo os critérios de escolha do pet podem revelar algo sobre a personalidade do tutor. Proprietários de cães de raça pura, por exemplo, muitas vezes buscam comportamentos previsíveis e características específicas, o que pode indicar uma preferência por controle e estabilidade emocional.

Percepção ou projeção?

Críticos dos estudos argumentam que muitos dos dados vêm de questionários respondidos pelos próprios donos, o que poderia enviesar os resultados. Para confrontar essa crítica, um experimento interessante foi conduzido: pessoas que nunca haviam tido contato com os cães ou seus tutores foram convidadas a parear fotos de ambos, baseando-se apenas nas semelhanças percebidas. Os acertos foram significativamente maiores do que o acaso permitiria.

Isso levanta uma questão instigante: até que ponto enxergamos nossos cães como eles são — ou como queremos que eles sejam?

Conexões além das semelhanças

Apesar das evidências de que cães e tutores podem se parecer, os pesquisadores alertam para um ponto fundamental: as semelhanças não garantem vínculos fortes. Relações duradouras, tanto entre pessoas quanto com animais, se constroem com empatia, respeito e adaptação mútua.

Afinal, talvez não seja necessário se parecer com alguém — ou com um cão — para formar uma conexão verdadeira. O que realmente importa pode ser a capacidade de aceitar, cuidar e crescer juntos, mesmo com as diferenças. Ou, quem sabe, justamente por causa delas.


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