Estudo diz que seu cérebro pode viajar no tempo: veja o que isso faz com sua memória
Estudos mostram que lembrar e imaginar usam os mesmos mecanismos cerebrais, permitindo que revivamos o passado e projetemos o futuro
Viajar no tempo pode parecer coisa de ficção científica, mas, segundo pesquisadores do Departamento de Filosofia da UFSM, essa habilidade é mais real — e comum — do que imaginamos.
O fenômeno, chamado de mental time travel (viagem no tempo subjetiva), é a capacidade humana de revisitar mentalmente o passado e projetar o futuro, usando a memória e a imaginação como motores dessa jornada.
Viagem no tempo mental: como seu cérebro reconstrói o passado e prevê o futuro
O conceito é estudado por especialistas em Filosofia da Memória, como o professor César Schirmer dos Santos, coordenador do Laboratório de Filosofia da Memória, e o pesquisador Kourken Michaelian, do Centro de Filosofia da Memória da Université Grenoble Alpes (França).
Para César, nosso cérebro é capaz de criar cenários inéditos e reconstruir acontecimentos passados — um “poder” que molda a forma como vivemos. “A memória pode ser entendida como uma coleção de habilidades que nos levam para o passado e para o futuro”, afirma.
Segundo Michaelian, a viagem mental no tempo desafia a visão tradicional de que memória e imaginação são processos separados. Isso porque lembrar e imaginar usam mecanismos semelhantes. Ao planejar o próximo feriado e se visualizar nele, por exemplo, você já está, de certa forma, viajando para o futuro.
Essa habilidade tem um papel vital para a sobrevivência: lembrar de ameaças passadas ajuda a evitar erros fatais no presente. E não se trata apenas de memória individual — o estudo também abrange memória coletiva e política, mostrando que essa “máquina do tempo” cerebral influencia sociedades inteiras.
Em 2019, o tema ganhou destaque com o Santa Maria–Grenoble Memory Workshop, que reuniu pesquisadores brasileiros e franceses na UFSM, fortalecendo parcerias internacionais.
Para os especialistas, entender a memória é entender a nós mesmos. Afinal, se nosso cérebro pode viajar no tempo, ele não só guarda quem fomos, como também constrói quem seremos.