O Japão cria um novo material que resolve um dos maiores problemas do mundo

A poluição por plástico nos oceanos atinge proporções alarmantes, com mais de 11 milhões de toneladas entrando nos mares anualmente

11/12/2025 09:36

Cientistas japoneses criaram um plástico biodegradável que se dissolve completamente em água salgada em apenas uma hora, sem deixar resíduos tóxicos ou microplásticos. Essa inovação representa um avanço significativo na luta contra a poluição oceânica, um dos maiores desafios ambientais globais.

Pesquisadores do Centro RIKEN para Ciência de Materiais Emergentes, em parceria com a Universidade de Tóquio, desenvolveram um material tão resistente quanto os plásticos convencionais, mas com capacidade de decomposição rápida quando exposto ao ambiente marinho. A tecnologia pode transformar a indústria de embalagens e ajudar a preservar os ecossistemas oceânicos.

Quando o plástico entra em contato com água salgada, os eletrólitos presentes no mar desfazem essas ligações químicas rapidamente
Quando o plástico entra em contato com água salgada, os eletrólitos presentes no mar desfazem essas ligações químicas rapidamenteImagem gerada por inteligência artificial

Como funciona esse plástico inovador que desaparece na água?

O novo material utiliza polímeros supramoleculares formados pela combinação de dois monômeros iônicos: hexametafosfato de sódio, um aditivo alimentar comum, e compostos à base de íon guanidínio. Essas moléculas criam ligações reversíveis chamadas pontes salinas que conferem resistência durante o uso.

Quando o plástico entra em contato com água salgada, os eletrólitos presentes no mar desfazem essas ligações químicas rapidamente. As principais características desse processo incluem:

  • Dissolução completa em aproximadamente 60 minutos quando agitado em água do mar, sem gerar fragmentos poluentes
  • Os componentes originais são processados por bactérias naturalmente presentes no oceano, evitando acúmulo de microplásticos
  • O material também se decompõe no solo em cerca de 10 dias, liberando nutrientes como fósforo e nitrogênio para as plantas
  • Processo de dessalinização durante fabricação remove íons salinos, garantindo resistência antes do descarte

Quais vantagens esse plástico oferece em relação aos materiais convencionais?

Diferente dos plásticos tradicionais que permanecem no ambiente por séculos, esse material combina durabilidade durante o uso com degradação rápida após o descarte. A tecnologia resolve um dos maiores problemas dos plásticos biodegradáveis existentes, que exigem condições específicas para decomposição.

O novo plástico é atóxico, não inflamável e não emite dióxido de carbono durante a degradação. Pode ser moldado em diferentes formas e texturas, desde superfícies flexíveis semelhantes ao silicone até estruturas rígidas resistentes, ampliando suas aplicações em embalagens, utensílios descartáveis e até dispositivos médicos impressos em 3D.

Quando o plástico entra em contato com água salgada, os eletrólitos presentes no mar desfazem essas ligações químicas rapidamente
Quando o plástico entra em contato com água salgada, os eletrólitos presentes no mar desfazem essas ligações químicas rapidamenteImagem gerada por inteligência artificial

Por que essa inovação é urgente para o meio ambiente?

A poluição por plástico nos oceanos atinge proporções alarmantes, com mais de 11 milhões de toneladas entrando nos mares anualmente. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, essa quantidade pode triplicar até 2040, adicionando entre 23 e 37 milhões de toneladas métricas de resíduos plásticos aos oceanos a cada ano.

Os microplásticos resultantes da fragmentação de plásticos convencionais prejudicam a vida marinha e entram na cadeia alimentar humana. Esses fragmentos causam danos:

  • Animais marinhos confundem pedaços de plástico com alimento, levando à desnutrição e morte por obstrução intestinal
  • Microplásticos absorvem toxinas ambientais que se concentram nos organismos e são transferidas para predadores através da alimentação
  • Ecossistemas marinhos sofrem alterações que afetam biodiversidade e equilíbrio de espécies fundamentais para pesca comercial
  • Presença crescente de partículas plásticas em água potável e alimentos consumidos por humanos representa riscos ainda não totalmente compreendidos

Quando esse plástico estará disponível comercialmente no mercado?

Os pesquisadores agora trabalham no aperfeiçoamento do sistema de revestimento protetor que garante estabilidade do material em condições não salinas durante transporte e uso. O desafio atual está em desenvolver coberturas que mantenham o plástico intacto até o momento apropriado para descarte.

Embora ainda não existam planos comerciais detalhados divulgados, o projeto atraiu interesse significativo da indústria de embalagens. A equipe busca ampliar a produção em escala industrial e testar a resistência do material em diferentes condições ambientais antes da distribuição comercial ampla.