O luto pet nos próprios animais e o sinal que prova que eles também sentem a perda
A verdade científica sobre a intensidade da dor que ninguém comenta
O luto pela morte de um animal de estimação, conhecido hoje como luto pet e antes considerado um exagero emocional, passou a ser objeto de estudo sério pela ciência, pois pesquisas em diferentes países mostram que essa perda pode provocar reações semelhantes às vividas após a morte de um familiar, ao mesmo tempo que estudos em comportamento animal indicam que muitos bichos também manifestam sinais de tristeza quando perdem um parceiro do grupo.

O que é luto pet e por que ele pode ser tão intenso?
O luto pet é o processo de adaptação emocional e prática à ausência de um animal de estimação. Em muitos lares, cães e gatos são considerados membros da família, participando de rituais diários, rotinas de lazer e momentos importantes, o que torna o vazio após a perda especialmente doloroso.
Estudos recentes indicam que, para algumas pessoas, o luto por um animal de estimação pode ser tão intenso quanto o luto por um parente próximo, com sintomas como tristeza persistente, alterações de sono e apetite e sensação de casa vazia.
Como os animais demonstram comportamentos semelhantes ao luto?
A pergunta sobre se os animais sentem luto motivou pesquisas em etologia, que mostram que espécies sociais, como cães, gatos em grupo, primatas, elefantes e aves, exibem comportamentos associados à perda. Esses sinais variam conforme espécie, ambiente e tipo de vínculo, mas indicam uma adaptação à ausência de parceiros de convivência.
No caso de cães e gatos que perdem tutor ou companheiro animal, relatos de tutores apontam diminuição de interesse por brincadeiras, alterações no apetite, busca insistente pelo ausente e maior necessidade de contato físico. Estudos como o de Brittany Greene e Jennifer Vonk (2024), com 452 gatos, reforçam que mudanças em vocalizações, interação e alimentação podem ser consistentes com um processo de luto em animais com vínculos fortes.
Além dos estudos acadêmicos, a observação clínica é fundamental para acolhermos nossos animais nesse momento difícil. No vídeo a seguir, a veterinária @zucavet aborda as nuances do luto animal e como podemos interpretar esses sinais de tristeza e saudade:
Como o luto pet interfere na rotina e no bem-estar diário?
O impacto do luto pet vai além da tristeza momentânea, pois a quebra brusca da rotina pode gerar desorientação e sensação de vazio. Horários de passeio, alimentação e interações diárias desaparecem de um dia para o outro, afetando hábitos de saúde, lazer e convívio social.
Entre as mudanças mais comuns na rotina de quem enfrenta o luto por pet, pesquisas e relatos clínicos apontam:
- Alteração dos horários de sono e da prática de exercícios físicos;
- Evitar parques, praças ou pet shops que faziam parte do trajeto usual;
- Dificuldade em guardar ou descartar objetos do animal, como caminhas e brinquedos;
- Isolamento social temporário e aumento de sentimentos de culpa, especialmente após eutanásia.
Quais estratégias podem ajudar no processo de luto por animal de estimação?
Embora cada pessoa viva o luto de maneira única, estratégias de cuidado emocional e reorganização da rotina podem favorecer uma adaptação mais saudável. Profissionais recomendam respeitar o tempo individual e buscar apoio em redes que validem a dor pela perda do pet.
Entre as orientações mais citadas estão reconhecer a legitimidade do sofrimento, manter rituais simbólicos, conversar com pessoas de confiança e cuidar da saúde física com sono e alimentação adequados. Em casos de tristeza prolongada ou prejuízo importante na vida diária, grupos de apoio e acompanhamento psicológico ou psiquiátrico são recomendados, e já existem, em muitas cidades brasileiras, serviços voltados especificamente ao luto por animais.

Como a ciência deve avançar nos estudos sobre luto pet
Em 2025, o interesse acadêmico pelo luto pet segue em expansão, incluindo tanto o luto humano pela perda do animal quanto os comportamentos de luto em diferentes espécies. Tecnologias de imagem cerebral e monitoramento hormonal prometem detalhar melhor o que ocorre no organismo de animais e tutores em situações de perda.
Paralelamente, clínicas veterinárias e hospitais-escola vêm incorporando protocolos de cuidados de fim de vida, com orientação às famílias sobre decisões difíceis e acompanhamento emocional. Esse movimento fortalece a articulação entre ciência, saúde mental e bem-estar animal, oferecendo um olhar mais amplo para a relação entre pessoas e seus companheiros de outras espécies.