O que significa quando você sente que já viveu aquele momento antes

A ciência por trás do déjà vu e a falha de memória do cérebro

08/12/2025 19:06

Quase todo mundo já teve aquela sensação intrigante de estar vivendo um momento que jura ter experimentado antes. Esse fenômeno é conhecido como déjà vu, uma expressão francesa que significa “já visto”. Embora muitas vezes a sensação seja acompanhada de um toque de mistério ou magia, a neurociência tem se debruçado sobre o tema e sugere que essa experiência é, na verdade, uma falha fascinante no complexo processo de formação de memória e percepção do nosso cérebro.

Na grande maioria dos casos, o déjà vu é um evento isolado e normal, sem qualquer implicação médica – Imagens produzidas com uso de Inteligência Artificial
Na grande maioria dos casos, o déjà vu é um evento isolado e normal, sem qualquer implicação médica – Imagens produzidas com uso de Inteligência Artificial

O que a neurociência diz sobre a origem do déjà vu?

A explicação mais aceita para o déjà vu no campo da neurociência aponta para uma falha momentânea na forma como o cérebro processa e recupera as informações. O cérebro trabalha constantemente para registrar e classificar novas experiências como “novas” e compará-las com as memórias de longo prazo. A sensação de já ter vivido um momento antes pode ocorrer quando há uma dessincronização nesse processo.

Basicamente, o déjà vu pode ser o resultado de uma confusão cerebral onde a informação de um evento presente é erroneamente enviada diretamente para a área de memória de longo prazo, fazendo com que o cérebro a classifique como uma “lembrança”. Isso cria a ilusão de familiaridade, mesmo que a experiência seja genuinamente nova para você.

A teoria do processamento cerebral não sincronizado é a chave?

Sim, a teoria da dessincronização ou processamento cerebral não sincronizado é uma das principais chaves para entender o fenômeno. O nosso cérebro possui diferentes sistemas de processamento de informação, e eles precisam funcionar em perfeita harmonia para que a percepção da realidade seja coerente. Quando esses sistemas falham, mesmo que por um milissegundo, a sensação de déjà vu pode surgir.

Imagine que as informações sensoriais (visão, som, cheiro) chegam ao cérebro por vias distintas e são montadas como um quebra-cabeça para formar a experiência consciente. Se uma dessas vias for ligeiramente mais lenta que a outra, o cérebro pode perceber a informação duas vezes, com um intervalo muito curto. A segunda percepção, sendo ligeiramente atrasada, é então identificada como uma memória recuperada, e não como uma experiência nova. Isso causa a impressão de ter vivido aquilo antes.

Na grande maioria dos casos, o déjà vu é um evento isolado e normal, sem qualquer implicação médica – Imagens produzidas com uso de Inteligência Artificial
Na grande maioria dos casos, o déjà vu é um evento isolado e normal, sem qualquer implicação médica – Imagens produzidas com uso de Inteligência Artificial

Por que essa falha de memória ocorre com tanta frequência?

A frequência com que o déjà vu acontece varia muito entre as pessoas, mas o fenômeno é extremamente comum, sendo relatado por cerca de 60% a 80% da população. Ele tende a ser mais frequente em adolescentes e adultos jovens, diminuindo com a idade. Alguns pesquisadores sugerem que a ocorrência está ligada à saúde e ao desenvolvimento do lobo temporal, a região do cérebro associada à memória e ao processamento de emoções.

Fatores como estresse, fadiga e até mesmo uma distração momentânea podem aumentar a probabilidade de o cérebro cometer esse pequeno erro de classificação. Portanto, o déjà vu não indica que você previu o futuro ou que viveu uma vida passada, mas sim que seu cérebro está momentaneamente sobrecarregado ou confuso com o processamento das informações sensoriais. O fato de ser tão comum sugere que é apenas uma peculiaridade benigna do funcionamento cerebral.

O déjà vu tem alguma relação com problemas de saúde?

Na grande maioria dos casos, o déjà vu é um evento isolado e normal, sem qualquer implicação médica. Contudo, a experiência é clinicamente relevante em um contexto específico: a epilepsia do lobo temporal. Em alguns pacientes, a sensação de já ter vivido aquele momento antes pode ser o aviso ou a manifestação de uma convulsão, que se origina justamente nessa área do cérebro.

Abaixo um vídeo do canal biancawitzel.s no TikTok, explicando o que é déjà vu e quais são as possíveis causas desse fenômeno segundo a neurociência.

No entanto, se o déjà vu vier acompanhado de outros sintomas neurológicos, como perda de consciência, movimentos involuntários ou confusão mental frequente, é recomendado buscar avaliação médica. Para a vasta maioria das pessoas, a sensação é apenas um lembrete fascinante sobre a complexidade e, às vezes, as pequenas imperfeições da nossa máquina cerebral.

Para aprofundar seu conhecimento sobre o funcionamento da mente, procure outros artigos que abordam a psicologia e os mistérios do cérebro humano.