Por que nossa capacidade de atenção caiu de 2 minutos para 47 segundos?

47 segundos é o tempo máximo em que uma pessoa permanece com uma tela aberta, segundo pesquisa

15/10/2024 21:00

As pessoas conectadas representam 67% da população mundial, ou seja 5,4 bilhões de pessoas – HayDmitriy/Depositphotos
As pessoas conectadas representam 67% da população mundial, ou seja 5,4 bilhões de pessoas – HayDmitriy/Depositphotos

Nos dias atuais, manter a capacidade de concentração tornou-se um verdadeiro desafio em meio ao bombardeio constante de informações e o algoritmo de distrações das redes sociais. Recentemente, uma pesquisa da psicóloga americana Gloria Janet Mark revelou que, nas últimas duas décadas, o tempo que as pessoas permanecem em uma única tela antes de mudar para outra caiu de 2,5 minutos para apenas 47 segundos.

Outro estudo, realizado por pesquisadores da Pennsylvania State University e da Stanford University, usou tecnologia de captura de tela para avaliar o uso de dispositivos móveis. Eles descobriram que os participantes interagiam com seus celulares, em média, 228 vezes por dia, sendo que cada sessão durava apenas 10 segundos.

Mas, afinal, o que é um período de atenção? Segundo a Columbia University, a atenção envolve direcionar a nossa consciência de forma seletiva.

Como só conseguimos processar uma quantidade limitada de informações por vez, concentrar-se implica focar nossos recursos cognitivos em certos estímulos, ignorando outros. “A atenção é um conceito complexo, mas, quando falamos em período de atenção, estamos nos referindo à ‘atenção sustentada’, que é o tempo que conseguimos manter o foco em algo – seja uma tarefa, um objeto, uma ideia ou uma pessoa – sem nos distrairmos”, explica um artigo da universidade.

Falta de concentração afeta a vida em diversos aspectos 

Daniel Sandy, especialista em Educação Física do Trabalho e CEO da Pausa Ativa Ocupacional, reforça que gerenciar a atenção como um recurso limitado é essencial para garantir bem-estar e produtividade, tanto no trabalho quanto na vida pessoal.

“Muitas vezes achamos que os problemas de concentração são específicos de um momento, mas diversos aspectos da vida influenciam essa dificuldade de foco”, afirma Daniel.

Ele destaca que distrações constantes, como notificações de celulares, e-mails, conversas paralelas e até preocupações pessoais, comprometem nossa capacidade de atenção e a realização de tarefas importantes. Além disso, fatores como estresse, cansaço e falta de sono também podem prejudicar a concentração, assim como a baixa aptidão cardiorrespiratória.

“Há estudos que mostram que, após 30 minutos de atividades cognitivas consecutivas, a atenção tende a cair. Uma boa aptidão cardiorrespiratória ajuda a filtrar as distrações e manter o foco”, acrescenta Sandy.

Estratégias para recuperar a capacidade de atenção 

Apesar das inúmeras distrações e fatores que afetam o bem-estar, existem formas de retomar a concentração. Daniel destaca a importância de um ambiente organizado e de uma distribuição eficiente das atividades.

“Usar agendas blocadas para demandas, manter o ambiente em ordem e comunicar claramente a necessidade de concentração são práticas que ajudam a melhorar a produtividade. Além disso, é importante lembrar de se hidratar e manter-se bem alimentado”, aconselha.

Outra estratégia poderosa é incorporar pausas ativas durante o dia. Pesquisas indicam que sessões de trabalho mais curtas, intercaladas com pequenos intervalos, são mais eficazes para manter a atenção e evitar a fadiga mental.

“As pausas ativas, que envolvem movimentos físicos e exercícios respiratórios, ajudam a ‘resetar’ o cérebro, renovando a energia e melhorando o desempenho”, conclui Sandy.