Por que recomendam colocar açúcar na espada-de-são-jorge e para que serve isso?
Defensores dessa técnica apontam vantagens relacionadas principalmente à atividade biológica do solo
A espada-de-são-jorge (Sansevieria trifasciata) conquistou espaço nos lares brasileiros pela sua resistência excepcional e baixa exigência de cuidados. Recentemente, um truque caseiro ganhou popularidade nas redes sociais: adicionar açúcar ao substrato desta planta para melhorar seu vigor.
Embora amplamente compartilhado em grupos de jardinagem e vídeos online, esse método gera controvérsia entre especialistas. Compreender os fundamentos científicos por trás dessa prática ajuda a decidir se vale a pena experimentar ou se os riscos superam os possíveis benefícios.

Quais benefícios o açúcar pode trazer para a espada-de-são-jorge?
Defensores dessa técnica apontam vantagens relacionadas principalmente à atividade biológica do solo. O açúcar funcionaria como catalisador de processos microbianos que, indiretamente, beneficiariam a planta.
Os principais efeitos positivos atribuídos a essa prática incluem:
- Estímulo à vida microbiana benéfica: O açúcar fornece carbono que alimenta bactérias e fungos micorrízicos, organismos que decompõem matéria orgânica e disponibilizam nutrientes de forma mais acessível às raízes.
- Melhora na estrutura do substrato: A atividade microbiana intensificada pode tornar a terra mais aerada e solta, característica fundamental para a espada-de-são-jorge que não tolera compactação ou encharcamento.
- Aparência mais vigorosa das folhas: Relatos anedóticos indicam que folhas ficam mais brilhantes, rígidas e saudáveis após a aplicação, embora não existam estudos científicos confirmando essa relação direta.
- Suporte energético em momentos de estresse: Algumas pesquisas sugerem que água açucarada oferece impulso temporário a plantas debilitadas por transplantes ou condições adversas, fornecendo carboidratos simples como fonte energética imediata.
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Por que a ciência questiona o uso de açúcar em plantas?
Apesar da popularidade do truque, pesquisadores e agrônomos alertam que o açúcar pode ser uma arma de dois gumes. Estudos científicos demonstram efeitos contraditórios e até prejudiciais dessa prática.
Investigações conduzidas por instituições especializadas mostraram que sementes irrigadas com água açucarada germinam pior que aquelas que recebem apenas água pura. Além disso, o crescimento vegetativo pode ser retardado, e etapas cruciais como a floração podem sofrer atrasos devido à alteração de sinais hormonais internos da planta.
Quais riscos o açúcar representa para a saúde do substrato?
O maior problema do açúcar no solo está relacionado à sua falta de seletividade. Enquanto alimenta microrganismos benéficos, também promove o desenvolvimento de bactérias e fungos patogênicos que competem com as raízes por nutrientes e oxigênio.
Entre os perigos mais documentados pela agronomia, destacam-se:
- Proliferação de organismos indesejados: Bactérias anaeróbicas e fungos nocivos podem se multiplicar rapidamente, criando ambiente favorável ao apodrecimento radicular e doenças que comprometem a vitalidade da planta.
- Alteração do pH do solo: A decomposição do açúcar por microorganismos gera subprodutos ácidos que modificam a acidez do substrato, afetando diretamente a disponibilidade de minerais essenciais como nitrogênio, fósforo e potássio.
- Compactação por fermentação: Contrariando a expectativa de melhorar a estrutura, o excesso de açúcar pode provocar fermentação intensa que reduz a oxigenação e compacta o solo, justamente o oposto do que a espada-de-são-jorge necessita.
- Desperdício de energia vegetal: As plantas produzem sua própria glicose através da fotossíntese e não possuem sistema digestivo para processar eficientemente a sacarosa comprada em supermercados, tornando o benefício energético questionável.

Como aplicar açúcar de forma segura se decidir experimentar?
Caso opte por testar esse método apesar das advertências científicas, seguir protocolos rigorosos minimiza os danos potenciais. A moderação é absolutamente essencial para evitar desequilíbrios graves no ecossistema do vaso.
Utilize no máximo uma colher de chá rasa de açúcar branco ou demerara, espalhando sobre a superfície do substrato próximo às bordas do vaso, nunca diretamente na base da planta. Regue com quantidade mínima de água para dissolver lentamente, lembrando que a espada-de-são-jorge tolera seca mas não suporta umidade excessiva. Repita a aplicação apenas uma vez por mês como limite máximo, pois frequência maior multiplica exponencialmente os riscos de contaminação e desequilíbrio.
Para compreender melhor os prós e contras dessa técnica, confira a tabela comparativa:
Se você busca métodos naturais para fortalecer suas plantas, explore outras técnicas validadas cientificamente e compartilhe suas experiências com jardineiros que valorizam o cultivo saudável e sustentável de espadas-de-são-jorge.