Satélite revela que Antártica está ficando verde em ritmo acelerado
Cientistas chamam a atenção para o crescimento de vegetação em região polar
A Antártica está ficando “verde” em ritmo acelerado: esse foi o alerta emitido por cientistas britânicos no início de outubro após a conclusão de um estudo realizado por aproximadamente quatro anos.
De acordo com as evidências obtidas, nos últimos quase 40 anos, a vegetação na região da Península Antártica expandiu mais de dez vezes, saltando de menos de um quilômetro quadrado (km²) em 1986 para impressionantes 12 km² em 2021.
Transformações das regiões polares
A pesquisa que revela essa transformação foi conduzida pelas universidades de Exeter, Hertfordshire e o British Antarctic Survey, com publicação na Nature Geoscience.
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Utilizando imagens de satélite, os cientistas confirmam que a Antártica, assim como outras regiões polares, está aquecendo muito mais rápido do que a média global, trazendo eventos de calor extremo cada vez mais frequentes.
Nessa mesma semana, o Centro Nacional de Dados de Neve e Gelo dos EUA (NSIDC) apontou que o continente antártico registrou seu segundo menor pico de gelo marinho desde o início das medições por satélite, com 17,16 milhões de km² de cobertura. O recorde de mínima histórica foi estabelecido em 2023.
“Essa queda acentuada no gelo marinho do inverno austral nos últimos dois anos reforça os efeitos de um oceano excepcionalmente quente sobre o clima antártico”, afirmou o Instituto Cooperativo de Pesquisas em Ciências Ambientais (CIRES), em um comunicado do NSIDC.
A previsão é que um relatório completo sobre esse fenômeno seja divulgado até o fim de outubro, detalhando as possíveis causas e oferecendo comparações visuais com dados de longo prazo.
Impacto do aquecimento global
Além disso, o estudo da Nature já mostra um dado impressionante: entre 2016 e 2021, a área de vegetação cresceu 400 mil metros quadrados por ano, cerca de 0,4 km² anualmente.
Esse crescimento está vinculado ao aquecimento rápido da região, e, conforme o clima antártico continua a se modificar, os pesquisadores preveem uma expansão ainda maior da vegetação no futuro.
Pesquisas anteriores já indicavam que a flora antártica, dominada por musgos, vinha crescendo mais rapidamente. “Essas plantas enfrentam algumas das condições mais extremas do planeta”, observa Thomas Roland, cientista da Universidade de Exeter e um dos autores do estudo. A formação de solo orgânico, embora escassa, está ocorrendo e pode facilitar o estabelecimento de novas espécies vegetais.
Mas essa transformação não vem sem desafios. Com o aumento das temperaturas e a maior estabilidade dos ecossistemas locais, cresce também o risco de espécies invasoras serem introduzidas, seja por turistas, cientistas ou outros visitantes.
Os autores do estudo alertam que mais pesquisas são necessárias para entender os mecanismos que estão impulsionando esse “verdejamento” inédito. Francyne Elias-Piera, PhD em Ciência e Tecnologia Ambiental pela Universitat Autònoma de Barcelona, comenta: “O gelo marinho tem um papel crucial ao refletir a luz solar de volta ao espaço, ajudando a resfriar o planeta. Com sua redução, mais calor é absorvido pela Terra, o que agrava o aquecimento global.”