Senado italiano dá o primeiro passo para limitar a cidadania por descendência; veja o que está em jogo
Texto segue agora para a Câmara dos Deputados e precisa ser votado até 27 de maio; se for confirmado sem alterações, passa a valer em definitivo

Por 81 votos a 37, o Senado da Itália aprovou nesta quinta-feira o projeto que converte em lei o Decreto-Lei 36/2025, conhecido como “Decreto Tajani”, que restringe a transmissão automática da cidadania italiana jus sanguinis a apenas duas gerações ─ filhos e netos. O texto segue agora para a Câmara dos Deputados e precisa ser votado até 27 de maio; se for confirmado sem alterações, passa a valer em definitivo.
Por que o governo quer mudar as regras?
Entre os motivos apontados pelo decreto, o Palácio Chigi afirma que até 80 milhões de pessoas poderiam reivindicar cidadania italiana sem um “vínculo efetivo” com o país, o que, segundo o Executivo, “gera um risco atual para a segurança nacional e para o Espaço Schengen” e sobrecarrega consulados e registros civis.
O que muda na prática
Como era?
Transmissão sem limite de gerações, desde que provado ascendente vivo após 17 /3/1861.
Como ficará se o decreto virar lei?
Apenas filhos ou netos têm direito automático, e só em dois cenários:
1. pai/mãe ou avô/avó nascidos na Itália;
2. pai/mãe ou avô/avó nascidos no exterior, mas residentes na Itália por 2 anos consecutivos antes do nascimento do filho ou neto.
Há ainda negociações para um ajuste que obrigaria o ascendente a manter exclusivamente a cidadania italiana; se isso prosperar, ítalo-brasileiros que não renunciarem à nacionalidade brasileira não transmitirão o status a seus descendentes.
Já pedi a cidadania. Posso perder o direito?
- Não. O próprio artigo 3-bis do decreto preserva:
- pedidos administrativos ou judiciais protocolados até 27 de março de 2025, 23h59 (hora de Roma);
- reconhecimentos já concluídos.
E quem ainda não entrou com o processo?
- Bisnetos, trinetos e gerações posteriores ficariam de fora.
- Filhos ou netos de italianos que não cumpram os requisitos de nascimento ou residência do ascendente também perderiam a via automática.
- Para esses casos, o governo cogita exigir residência prévia na Itália ou novo caminho de naturalização.
- No Brasil, onde os consulados registraram mais de 20 mil concessões só em 2024, genealogistas estimam que a maior parte das demandas parte justamente de bisnetos.

Próximos passos no Parlamento
- Data-limite: até 27 / 5
- Etapa: Votação na Câmara dos Deputados
- Expectativa: A coalizão de direita (Fratelli d’Italia, Liga e Força Itália) tem maioria; aprovação é provável.
Se aprovada
- Promulgação presidencial e publicação
- Vigência imediata, mantendo a data-corte de 27 / 3 para pedidos antigos.
Se rejeitada ou não votada
- Decreto caduca; volta a valer a regra anterior.
Batalha judicial à vista
Oposicionistas e associações de italianos no exterior prometem recorrer à Corte Constitucional.
Isso porque eles alegam:
- violação ao princípio da irretroatividade da lei;
- discriminação entre italianos de origem e filhos de imigrantes nascidos na Itália, que ainda esperam por uma reforma do ius soli.
Decisões recentes de tribunais, como a de Campobasso em 7 de maio, já reconheceram o direito adquirido de quem ingressou com ações antes da data-corte.
Perguntas frequentes (FAQ)
Vou viajar para a Itália em 2026 para fazer o processo. Ainda vale a pena?
Só se você for filho ou neto dentro dos novos critérios. Caso contrário, o reconhecimento judicial tende a ser negado.
Meu dossiê está na fila do consulado e não foi protocolado. Vou perder tudo?
Sim, se a fila não avançar a tempo de registrar o pedido antes de 27 / 3 / 2025, ele será rejeitado.
Posso acelerar meu processo indo à Justiça agora?
Advogados recomendam cautela: juízes podem aguardar a conversão em lei para decidir — ou aplicar a cláusula de irretroatividade (leis, regras e regulamentos não devem ter efeito retroativo), mas não há garantia.
Descubra a origem do seu sobrenome e onde ele é mais popular
Se você tem curiosidade sobre a origem do seu sobrenome, sobre quantas pessoas no mundo também o carregam e em que país ele é mais popular, saiba que existe uma plataforma que pode te ajudar com essas e outras informações do gênero. Trata-se do Forebears, que reúne dados coletados em diferentes países.