Temperatura extrema faz cometas explodirem espetacularmente ao se aproximarem do Sol

Alguns cometas realizam uma jornada de milhões de quilômetros pelo espaço apenas para se desintegrarem espetacularmente quando chegam perto do Sol. Esse fenômeno impressionante revela informações valiosas sobre a composição desses objetos celestes e as condições extremas do nosso sistema planetário.

A fragmentação de cometas não é um evento raro e acontece por razões que vão muito além do simples aquecimento. Cada desintegração observada pelos cientistas funciona como uma janela para o passado, mostrando como esses corpos gelados se formaram há bilhões de anos.

O que acontece fisicamente quando um cometa se aproxima do calor solar?

Ao se aproximar do Sol, o núcleo do cometa sofre transformações drásticas causadas pelo aumento brutal de temperatura. O gelo que compõe grande parte de sua estrutura começa a sublimar rapidamente, passando direto do estado sólido para o gasoso sem se liquefazer.

Esse processo desencadeia uma série de eventos que podem levar à completa destruição do objeto, conforme as seguintes etapas:

• A radiação solar aquece a superfície do cometa a centenas de graus, vaporizando enormes quantidades de gelo em questão de horas
• Os gases liberados criam pressão interna que pode rachar e fragmentar o núcleo rochoso e gelado
• Diferenças na composição entre várias partes do cometa fazem com que algumas áreas evaporem mais rápido que outras, gerando tensões estruturais
• A força gravitacional do Sol pode esticar e deformar cometas já enfraquecidos, completando o processo de desintegração

Por que alguns cometas sobrevivem enquanto outros se despedaçam completamente?

A resistência de um cometa ao calor depende principalmente de sua composição interna e tamanho. Cometas maiores e mais densos, com núcleos rochosos sólidos, tendem a suportar melhor as condições extremas próximas ao Sol do que aqueles formados majoritariamente por gelo e poeira compactados.

A trajetória também influencia diretamente nas chances de sobrevivência. Cometas que passam muito perto do Sol, conhecidos como rasantes solares, enfrentam temperaturas que podem ultrapassar dois mil graus Celsius, tornando a desintegração praticamente inevitável mesmo para os objetos mais resistentes.

Como a fragmentação revela segredos sobre a formação do Sistema Solar?

Quando um cometa se fragmenta, seu interior fica exposto pela primeira vez desde que se formou nos confins gelados do Sistema Solar. Esse material pristino nunca foi alterado pelo calor ou pela pressão, preservando a composição química original de bilhões de anos atrás.

A análise espectroscópica desses fragmentos oferece aos cientistas informações únicas que não poderiam ser obtidas de outra forma:

• A composição química dos fragmentos indica quais elementos estavam disponíveis nas regiões externas do Sistema Solar durante sua formação
• A estrutura interna revelada mostra como o gelo e a rocha se acumularam gradualmente ao longo de milhões de anos
• As proporções de diferentes tipos de gelo fornecem pistas sobre as temperaturas que existiam em diferentes distâncias do Sol primitivo
• Moléculas orgânicas complexas encontradas nesses fragmentos ajudam a entender como os ingredientes da vida se distribuíram pelo espaço

Quais tecnologias permitem observar e estudar esses eventos cósmicos?

Telescópios espaciais e terrestres trabalham continuamente monitorando cometas em aproximação ao Sol. Instrumentos como o observatório solar SOHO já registraram milhares de cometas rasantes, muitos dos quais se desintegraram completamente antes de completar sua passagem pelo periélio.

Sondas espaciais ocasionalmente conseguem interceptar cometas antes de sua destruição, coletando amostras ou capturando imagens detalhadas de suas superfícies. Esses dados são fundamentais para criar modelos computacionais que simulam o processo de fragmentação e ajudam a prever quais cometas sobreviverão às futuras passagens próximas ao Sol.

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