Um mamute que morreu há 39.000 anos em decorrência do ataque de leões-das-cavernas permitiu a recuperação do RNA mais antigo já obtido

Projetos editam elefante asiático para criar híbrido com traços do mamute

16/11/2025 09:36

Em 2010, habitantes da região de Yukagir, na Sibéria, encontraram uma jovem carcaça de mamute lanoso preservada no permafrost. O exemplar, chamado Yuka, teria vivido há cerca de 39.000 anos e revelou-se essencial para um avanço científico inédito: a obtenção do RNA mais antigo já registrado em espécies extintas, tornando-se uma referência importante nos estudos de genética antiga.

A preservação de Yuka no permafrost foi fundamental para proteger as delicadas moléculas de RNA
A preservação de Yuka no permafrost foi fundamental para proteger as delicadas moléculas de RNA

Recuperação do RNA do mamute Yuka ultrapassa expectativas científicas

A preservação de Yuka no permafrost foi fundamental para proteger as delicadas moléculas de RNA. O ambiente excepcionalmente frio, sem água líquida e com baixa atividade biológica, retardou a decomposição molecular, criando condições ideais para a rara preservação genética.

Além disso, uma equipe internacional de pesquisadores, empregando métodos laboratoriais de ponta, conseguiu isolar e sequenciar fragmentos de RNA. Esse processo, considerado altamente improvável até então, marcou um dos maiores feitos da paleogenética moderna.

O que representa a recuperação de RNA antigo para a ciência moderna?

Ao contrário do DNA, o RNA revela quais genes estavam ativos em determinado momento, permitindo aos cientistas deduzirem os processos biológicos que ocorriam pouco antes da morte do animal. Com a análise do RNA de Yuka, foi possível ainda identificar sinais de estresse molecular, provavelmente causados por ataques de predadores como os leões das cavernas.

Entre as descobertas a partir desse material genético antigo, destacam-se avanços essenciais na compreensão dos mecanismos celulares e processos evolutivos das espécies extintas. Veja algumas conquistas possíveis graças ao estudo do RNA de Yuka:

  1. Avaliação da atividade genética no momento da morte do mamute.
  2. Identificação de genes ligados ao estresse celular e à resposta metabólica.
  3. Permite distinguir características masculinas e femininas, esclarecendo informações anteriores baseadas apenas em observações físicas.
  4. Descoberta de genes inéditos a partir apenas de dados de RNA.
A preservação de Yuka no permafrost foi fundamental para proteger as delicadas moléculas de RNA
A preservação de Yuka no permafrost foi fundamental para proteger as delicadas moléculas de RNA

O RNA antigo amplia o conhecimento sobre espécies extintas

A análise molecular de Yuka oferece novas perspectivas sobre comportamento, adaptação ambiental e sobre como fatores extremos afetavam a vida pré-histórica. Além disso, a preservação do RNA pode permitir a identificação de vírus ou microorganismos ancestrais presentes na época do mamute.

Essas informações ampliam significativamente o leque de dados genéticos disponíveis para a ciência, trazendo à tona aspectos antes desconhecidos da vida pré-histórica e servindo como fonte de dados para pesquisas futuras.

Desextinção do mamute lanoso: avanços biotecnológicos e desafios atuais

O debate sobre a desextinção do mamute lanoso foi intensificado pela recente obtenção de material genético, incluindo RNA. Hoje, existem projetos internacionais buscando editar genes de elefantes asiáticos para conferir características do mamute, como pelagem espessa e resistência ao frio.

É importante considerar não apenas as tecnologias envolvidas, mas também as finalidades e limitações desse campo. A seguir, alguns objetivos e desafios desses projetos de desextinção vêm sendo discutidos pelos cientistas:

  • Transformação do elefante asiático por edição genética para adquirir traços do mamute
  • Papel desses animais modificados na recomposição de ecossistemas da Era do Gelo
  • Limitações biológicas e éticas na criação de um “mamute moderno”

Embora possível tecnicamente criar híbridos com algumas características do mamute, o consenso científico é que a recriação total da espécie é improvável, mas valiosas informações sobre adaptações evolutivas podem ser reveladas nesse processo.