Algoritmo ajuda na restauração da Mata Atlântica
Estudo desenvolvido por pesquisadores de seis países aponta as melhores soluções para recuperar o bioma
A Mata Atlântica é um dos biomas mais desmatados do país. Estima-se que, hoje, restem de 22% a 28% da cobertura original. Restaurá-la, portanto, é um desafio. Por onde começar? Uma equipe internacional, liderada por um pesquisador da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), desenvolveu um algoritmo que permite encontrar áreas prioritárias para restauração da Mata Atlântica.
Foram mapeadas 362 soluções ou cenários. Eles levam em consideração fatores como conservação da biodiversidade, mitigação de mudanças climáticas e redução de custos de recuperação da mata. Para escolher o melhor, é preciso levar em conta os objetivos a serem alcançados.
Se a restauração da Mata Atlântica é feita em áreas com maior benefício para a mitigação das mudanças climáticas por sequestro de carbono, as vantagens para a biodiversidade são medianas e o custo de implementação, alto. Se ela for nas áreas mais benéficas para biodiversidade, a redução de carbono na atmosfera será menos eficiente.
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As soluções mapeadas apontam, por exemplo, que, se a restauração for concentrada no litoral do Sudeste, os benefícios são maiores para a conservação da biodiversidade.
Se a opção for por restaurar terras mais áridas no Nordeste, o custo é menor, mas os benefícios para biodiversidade e clima também são mais baixos.
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No Brasil, o Código Florestal (Lei nº 12.651, de 2012), determina que, na Mata Atlântica, cada imóvel rural tenha pelo menos 20% de área coberta por floresta nativa. Se não houver, o proprietário precisa restaurá-la ou fica impedido de receber crédito agrícola e outros benefícios.
No entanto, a forma de fazer essa restauração para que seja vantajosa e viável ainda é muito discutida.
Otimizando a restauração da Mata Atlântica
O pior cenário previsto pela metodologia seria cada proprietário de imóvel rural restaurar sua própria terra. Dessa forma, áreas de floresta seriam pulverizadas.
O custo seria maior e os benefícios para a diversidade biológica e o clima, piores. Com a inteligência do algoritmo, os proprietários que precisam recuperar a mata nativa em suas terras poderiam compensar isso fazendo a restauração em áreas prioritárias, o que já é permitido pela lei florestal.
O estudo, desenvolvido por 25 pesquisadores do Brasil, dos Estados Unidos, da Austrália, do Reino Unido, da Suécia e da Polônia, tendo à frente o pesquisador Bernardo Strassburg, da PUC-Rio, com apoio do Instituto Serrapilheira, promete contribuir para alcançar a solução considerada “ótima”.
Caso a melhor opção para cada faixa de Mata Atlântica seja adotada, os pesquisadores calculam que haveria 450 milhões de toneladas de gás carbônico a menos lançadas na atmosfera, menos 308 espécies extintas e redução de custos de US$ 4 bilhões com a restauração.
Replicação da ferramenta
Publicado no periódico científico “Nature Ecology & Evolution”, o estudo deu origem a mapas que poderão ser utilizados para a definição dessas áreas prioritárias pelo Ministério do Meio Ambiente. O algoritmo também já está sendo replicado para outros países e biomas.
O pesquisador Bernardo Strassburg, que também é diretor do Instituto Internacional para a Sustentabilidade (ISI), participou do desenvolvimento do Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa, de 2017. Pelo documento, o Brasil deve fazer a restauração da Mata Atlântica, num total de 5 milhões de hectares – o equivalente a 4% desse bioma.
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