Entenda como Bolsonaro humilhou Sérgio Moro e seu Posto Ipiranga
Em apenas um dia, Jair Bolsonaro tomou medidas que irritaram e desprestigiaram Sérgio Moro, ministro da Justiça, e Paulo Guedes, o Posto Ipiranga.
Esse o principal assunto do Canal Meio que faz a seleção das principais notícias do dia.
Pressionado pelo flanco conservador mais estridente das redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro sacou o telefone e pediu ao ministro Sergio Moro que desconvidasse de um conselho consultivo Ilona Szabó.
Pressionado, também, por parlamentares de seu lado, antes mesmo de iniciar as conversas formais com o Congresso, o presidente já abriu o flanco admitindo mudanças na reforma da Previdência, enfraquecendo sua posição inicial para negociar.
De uma tacada, minou o poder de seus dois super-ministros.
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Cientista política, Ilona ocuparia uma suplência, não cargo titular, no Conselho de Políticas Criminais e Penitenciárias.
Considerada uma das maiores especialistas em segurança pública e política contra drogas no país, Ilona foi uma das coordenadoras da campanha nacional de entrega de armas, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso.
A postura contrária à liberação das armas e a defesa da descriminalização das drogas provocaram as pressões contra a nomeação.
Em nota, o Ministério da Justiça admitiu que recuou devido à “repercussão negativa em alguns segmentos”. (Folha)
Ilona Szabó: “Senti uma certa decepção ao ver que a opinião de grupos extremos tem um impacto tão grande na opinião do presidente da República, que é o presidente de toda a população. O presidente não deveria ver pessoas que pensam diferente como inimigas. Acho que a tolerância precisa ser mote de um governo que tem tantos desafios pela frente.” (Globo)
A ‘desnomeação’ provocou outra baixa. Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e membro do Conselho Nacional de Segurança Pública e Defesa Social, pediu exoneração em solidariedade a Ilona. (Estadão)
Quem também saiu foi a promotora Monica Barroso, do Conselho Nacional de Política Penitenciária. Atacada ao lado de Ilona nas redes, ela pediu exoneração. Seu mandato iria até 2020. (Folha)
Já o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) comemorou nas redes. “Grande dia”, escreveu. (Globo)
Já na previdência… Paulo Guedes queria aposentadoria aos 65 anos para homens e mulheres. Bolsonaro baixou a idade mínima feminina para 62, na proposta enviada ao Congresso.
Ontem, num café da manhã com jornalistas, o presidente admitiu a possibilidade de recuos tanto na aposentadoria das mulheres, cuja idade cairia para 60 anos, quanto no benefício pago a idosos de baixa renda.
Vale lembrar que, no começo do ano, Bolsonaro defendia idades mínimasde 62 anos para homens e 57 para mulheres.
A declaração de Bolsonaro repercutiu mal no mercado, com a Bolsa de São Paulo fechando em queda de 1,77%.
Por essas e outras, o mercado já prevê a aprovação de uma versão mais magra da reforma. De acordo com o Painel, a economia seria de R$ 700 bilhões em dez anos, abaixo do R$ 1 trilhão projetado por Guedes. (Folha)
As mudanças no BPC enfrentam grande resistência no Congresso, mas um estudo feito pela Instituição Fiscal de Independente (IFI), ligada ao Senado, indica que, com as novas regras, seria possível fazer uma economia de R$ 28,7 bilhões em 10 anos.