Filho insinua: aliados querem Bolsonaro morto amanhã na cirurgia.

27/01/2019 11:52

O presidente Jair Bolsonaro ficará pelo menos 3 horas amanhã numa mesa de cirurgia do Hospital Albert Einstein e mais dez dias de recuperação.
A cirurgia será feita para reconstruir o trânsito intestinal e retirar a bolsa de colostomia por causa da facada que Bolsonaro levou em Juiz de Fora.
Carlos Bolsonaro, porta-voz da família nas redes sociais, há uma torcida mesmo entre aliados para que o pai morra na cirurgia.
Na rede de intrigas palacianas, o recado iria para o vice Hamilton Mourão que, segundo os rumores, estaria de olho da presidência.
Basta juntar esse dois post: o primeiro foi explícito; o segundo mais sutil.

A inquietação da família de Bolsonaro cresce com as especulações de jornalistas de que parte do empresariado já estaria de preparando para a queda do presidente e a subida de Mourão.

Está repercutindo nas redes coluna do jornalista Luis Nassif.

Está repercutindo nas redes sociais coluna do jornalista Luis Nassif, dizendo ter certeza de que Jair Bolsonaro vai cair e será substituído por Hamilton Mourão, com apoio do empresariado.
É só uma questão de tempo, Nassif sustenta.
A opinião é polêmica. Mas revela o tamanho do desgaste do presidente Bolsonaro.
Aliás, o próprio Carlos Bolsonaro insinua nas entrelinhas que Mourão torceria pela morte do pai na cirurgia,

Trecho da coluna:
Durante a transição, Mourão se tornou o interlocutor preferencial dos empresários pelo fato de ser dos poucos focos de racionalidade dentro do governo.

Teve o bom senso de desqualificar as maluquices de Bolsonaro com a tal missão militar norte-americana, com as pretensões lunáticas do chanceler de invadir a Venezuela. Ou a intenção de mudar a embaixada de Israel para Jerusalém.

Após o anúncio da desistência do deputado Jean Willys de assumir o mandato, devido às ameaças recebidas, proclamou que a ameaça a um deputado é atentado contra a própria democracia.

Imediatamente ganhou status de presidenciável junto aos setores mais racionais.

Mas, ao mesmo tempo, foi o interino que assinou um decreto que, na prática, acaba com a Lei da Transparência. O decreto faculta a qualquer funcionário comissionado (isto é, indicado pelo governante de plantão) decretar sigilo para informações requeridas. Hoje em dia, a responsabilidade pelos dados é de Ministros. Estendendo a todos os comissionados, ficará fácil o jogo das gavetas, esconder informações com a censura sendo diluída por vários responsáveis.

Alegou que pretendia apenas desburocratizar. E que a responsabilidade final seria do Ministros. Aventou-se também a hipótese de que eram demandas antigas do Itamaraty e das Forças Armadas. Nenhuma desculpa convincente e todas elas sem respaldo no texto do decreto.

Ao mesmo tempo, surge a proposta do Banco Central de afastar o monitoramento, pela COAF, de parentes de políticos. Mais uma vez, desculpas inverossímeis, de que a medida visava adaptar o país a práticas internacionais contra corrupção. Ora, os parentes são os candidatos naturais a laranjas dos corruptos.

Essas medidas foram anunciadas depois do escândalo Flávio Bolsonaro, passando a suspeita de que Mourão poderia estar se envolvendo para além da prudência na blindagem do primeiro filho de Jair.

Em outros tempos, Mourão já fez críticas duras ao Supremo, chamou o torturador Brilhante Ustra de herói, defendeu o auto-golpe.

Será quase inevitável a substituição de Bolsonaro por Mourão em um ponto qualquer do futuro. Enquanto, em público, Bolsonaro parece um lagarto assustado, Mourão é senhor de si.

A dúvida que fica é sobre a natureza de um eventual governo Mourão.

Do ponto de vista de mercado, significaria dar chão firme para as formulações econômicas de Paulo Guedes. No plano internacional, significaria tirar o país do centro da galhofa mundial. Mas não se espere nenhum compromisso mais aprofundado com valores democráticos.