Filho insinua: aliados querem Bolsonaro morto amanhã na cirurgia.
O presidente Jair Bolsonaro ficará pelo menos 3 horas amanhã numa mesa de cirurgia do Hospital Albert Einstein e mais dez dias de recuperação.
A cirurgia será feita para reconstruir o trânsito intestinal e retirar a bolsa de colostomia por causa da facada que Bolsonaro levou em Juiz de Fora.
Carlos Bolsonaro, porta-voz da família nas redes sociais, há uma torcida mesmo entre aliados para que o pai morra na cirurgia.
Na rede de intrigas palacianas, o recado iria para o vice Hamilton Mourão que, segundo os rumores, estaria de olho da presidência.
Basta juntar esse dois post: o primeiro foi explícito; o segundo mais sutil.
A inquietação da família de Bolsonaro cresce com as especulações de jornalistas de que parte do empresariado já estaria de preparando para a queda do presidente e a subida de Mourão.
Está repercutindo nas redes coluna do jornalista Luis Nassif.
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Está repercutindo nas redes sociais coluna do jornalista Luis Nassif, dizendo ter certeza de que Jair Bolsonaro vai cair e será substituído por Hamilton Mourão, com apoio do empresariado.
É só uma questão de tempo, Nassif sustenta.
A opinião é polêmica. Mas revela o tamanho do desgaste do presidente Bolsonaro.
Aliás, o próprio Carlos Bolsonaro insinua nas entrelinhas que Mourão torceria pela morte do pai na cirurgia,
Trecho da coluna:
Durante a transição, Mourão se tornou o interlocutor preferencial dos empresários pelo fato de ser dos poucos focos de racionalidade dentro do governo.
Teve o bom senso de desqualificar as maluquices de Bolsonaro com a tal missão militar norte-americana, com as pretensões lunáticas do chanceler de invadir a Venezuela. Ou a intenção de mudar a embaixada de Israel para Jerusalém.
Após o anúncio da desistência do deputado Jean Willys de assumir o mandato, devido às ameaças recebidas, proclamou que a ameaça a um deputado é atentado contra a própria democracia.
Imediatamente ganhou status de presidenciável junto aos setores mais racionais.
Mas, ao mesmo tempo, foi o interino que assinou um decreto que, na prática, acaba com a Lei da Transparência. O decreto faculta a qualquer funcionário comissionado (isto é, indicado pelo governante de plantão) decretar sigilo para informações requeridas. Hoje em dia, a responsabilidade pelos dados é de Ministros. Estendendo a todos os comissionados, ficará fácil o jogo das gavetas, esconder informações com a censura sendo diluída por vários responsáveis.
Alegou que pretendia apenas desburocratizar. E que a responsabilidade final seria do Ministros. Aventou-se também a hipótese de que eram demandas antigas do Itamaraty e das Forças Armadas. Nenhuma desculpa convincente e todas elas sem respaldo no texto do decreto.
Ao mesmo tempo, surge a proposta do Banco Central de afastar o monitoramento, pela COAF, de parentes de políticos. Mais uma vez, desculpas inverossímeis, de que a medida visava adaptar o país a práticas internacionais contra corrupção. Ora, os parentes são os candidatos naturais a laranjas dos corruptos.
Essas medidas foram anunciadas depois do escândalo Flávio Bolsonaro, passando a suspeita de que Mourão poderia estar se envolvendo para além da prudência na blindagem do primeiro filho de Jair.
Em outros tempos, Mourão já fez críticas duras ao Supremo, chamou o torturador Brilhante Ustra de herói, defendeu o auto-golpe.
Será quase inevitável a substituição de Bolsonaro por Mourão em um ponto qualquer do futuro. Enquanto, em público, Bolsonaro parece um lagarto assustado, Mourão é senhor de si.
A dúvida que fica é sobre a natureza de um eventual governo Mourão.
Do ponto de vista de mercado, significaria dar chão firme para as formulações econômicas de Paulo Guedes. No plano internacional, significaria tirar o país do centro da galhofa mundial. Mas não se espere nenhum compromisso mais aprofundado com valores democráticos.