Ultramaratonista se divide entre corridas, livros e uma porca

Aos 57 anos, Maria Eugenia Cerqueira se desafiou. A meta era comemorar seu aniversário de 60 anos na Comrades, ultramaratona realizada na África do Sul com percurso de 89 km.

Para ela, que havia parado de fumar aos 48 anos, depois de uma pneumonia dupla e uma quase sentença de morte, as corridas haviam surgido como uma forma de perder peso. “Comecei a engordar e entrei em pânico. Depois de certa idade, gordura não vira bumbunzinho lindo”, assinala.

Começou com 500 m, após caminhadas de 4 km, e foi aumentando gradativamente. “No início, chegava muito exausta.”

Matriculou-se em uma turma preparatória e treinou por três anos. Em 2007, completou a ultramaratona e levou “uma medalhinha para casa”. “É a mais significativa”, explica ela, que hoje tem 67 anos.

“Se a indústria farmacêutica engarrafasse o sentimento depois de uma experiência dessas, não haveria mais doença no mundo”, exagera.

Fez das ultramaratonas uma tradição. Voltou à África do Sul três vezes e só abandonou a corrida no ano passado, aos 20 km. “Fazia muito calor e decidi não continuar”, afirma.

No Brasil, ela também se aventurou. Passou pelo percurso Maresias e Bertioga, em São Paulo. Também fez, em agosto deste ano, a ultramaratona dos fuzileiros, no Rio, com duração de 24 horas. Depois dessa, no entanto, teve uma inflamação no pé.

Parou por um tempo, para fazer três meses de fisioterapia. “Mas já estou melhor, retomando os treinos”, diz ela, que tem planos para fazer a ultramaratona da Muralha da China e a de Londres.

Nem só de corridas vive Maria Eugênia. A auditora fiscal aposentada também escreve. Autora de “Rotina com Purpurina – Administrando sua Casa sem Estresse e com Estilo” (editora Marco Zero, 2006), “Feliz Ano-Novo! – Faça Tudo para Consegui-lo” (Editora Cultrix, 1999), e o “O Mal-Amado – Graças e Desgraças do Leão” (Cultura Editores, 2002), ela lançou em novembro “Quem Dá Brilho Brilha” (edição própria), com dicas de limpeza e legislação sobre trabalho doméstico.

“Dessa vez, não tenho editora. Contratei uma equipe que fez revisão, diagramação e edição do material, lancei o livro e, de três em três dias, vou até o correio para despachar os livros”, destaca Maria Eugênia.

Também dedica seu tempo a Gypsy, que comprou como sendo uma miniporquinha, a pedido do neto. “Quando ela chegou em casa, foi uma festa.”

Mas o animal começou a crescer. Três anos depois, pesa 195 kg e ocupa o jardim da ultramaratonista.

“Hoje escrevo minhas experiências com ela. É um animal muito limpo, entende muita coisa”, considera Maria Eugênia.

Entre as ultramaratonas e os cuidados com a porca, pode ser que Maria Eugenia se aventure a lançar mais um livro.

Por QSocial

*Este texto faz parte do projeto Geração Experiência, que tem como objetivo mostrar histórias de pessoas com mais de 60 anos que são inspiração para outras de qualquer idade.