Alunos da rede pública criam jogos eletrônicos

Para a professora Gislaine Munhoz, o uso das redes sociais na sala de aula serviu como inspiração para fazer uma reviravolta no modelo de aprendizagem de uma escola pública da cidade de São Paulo. Com mestrado em informática educativa pela USP (Universidade de São Paulo), Munhoz implantou na Escola Municipal de Ensino Fundamental Professora Rivadávia Marques Junior, mais conhecida como Riva, uma metodologia de ensino onde os próprios alunos aprendem a desenvolver games.

“Eu percebi que os estudantes gostavam muito dos jogos do Facebook, então elaborei uma forma em que eles pudessem usar esse interesse para o desenvolvimento de competências educativas e absorção do conteúdo”, conta.

Foi assim que a partir do uso de dois softwares, o Hot Potatoes e o Power Point, os alunos participantes do projeto “Aluno Monitor”, com idade entre 8 e 15 anos, passaram a desenvolver jogos educacionais que são usados nas aulas de alfabetização da própria escola.

Desde 2012 até hoje foram desenvolvidos cerca de 50 jogos. “A partir dessa atividade, percebemos que o aluno passa agir com mais autonomia e protagonismo. Ele se apropria da linguagem do game, constrói histórias e se torna uma referência dentro da escola”, afirma a professora.

Mesmo com os desafios de avançar sem ter outra referência dentro da rede pública de ensino, Munhoz afirma que se surpreende com a qualidade dos resultados e acredita que esse modelo é um exemplo real de inovação dentro da educação.

“Sou eu que faço meu caminho e para mim é muito gratificante trabalhar com o protagonismo infanto-juvenil, mesmo que isso cause ansiedade.”

A Riva utiliza também o Scratch, uma linguagem de programação desenvolvida para crianças. “Ao se apropriar dessa linguagem, o estudante aprende a antecipar fatos, pensar e organizar as ideias de forma diferente, pois a programação desenvolve o pensamento lógico e espacial, e incentiva o desenvolvimento cognitivo”, afirma a professora.