Aposentado repara equipamentos de ginástica em praças de SP
O aposentado Nelson Sumihara, 63 anos, fazia exercícios em equipamentos de ginástica de uma praça perto de casa, na zona sul de São Paulo. Como um deles estava em mau estado, foi à subprefeitura pedir o reparo. Mas ouviu que nada poderia ser feito.
Decidido a usar o aparelho, conseguiu rolamentos e graxa. E voluntariamente o consertou.
Foi a outra praça próxima e viu mais equipamentos precisando de consertos ou manutenção preventiva. Cuidou desses também. Mais uma vez, por conta própria.
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Há seis anos, Nelson percorre praças com aparelhos de ginástica da capital paulista para fazer seus exercícios físicos. Aproveita para deixá-los em ordem. “Eu via os equipamentos enferrujarem e quebrarem. Decidi fazer alguma coisa”, conta o aposentado.
Sua rotina de exercícios começou há alguns anos, quando ficou deprimido. Em 1994, Nelson sofreu um acidente de bicicleta na volta do trabalho para casa. Não sabe se foi fechado por um carro ou se houve outro problema no caminho. Mas se lembra do horário (22h) e de ter acordado na UTI.
A queda lhe deixou algumas sequelas, como uma placa de acrílico na cabeça e a perda da memória recente. Nelson não consegue registrar muitas informações que aconteceram após o acidente.
Por dez anos, apesar do problema, conseguiu continuar a trabalhar na área de TI de uma grande empresa. “Mas a tecnologia evoluiu muito depressa e eu não lembrava mais nada. Não tinha mais o que eu pudesse fazer”, conta ele.
Aposentou-se, mas entrou em depressão. Engordou. Teve diabetes.
Para driblar as doenças, passou a fazer ginástica na praça perto de sua casa, no Jardim da Saúde. “Tudo melhorou. Eu renasci com os exercícios.”
Nelson já perdeu as contas de quantos equipamentos de ginástica em praças paulistanas já reparou. Sabe que foram mais de 100, alguns documentados com fotos ou vídeos, que ele posta em sua página do Facebook.
Quando a mulher, Nelma, descobriu que ele pegava a bicicleta e saía pelos bairros de São Paulo em busca de equipamentos para consertar, o tempo em casa fechou. “Ela fica preocupada”, justifica ele.
Mas, como Nelma é esteticista e podóloga e atende em domicílio –e é Nelson quem a leva de carro–, os dois chegaram a um acordo: vale consertar aparelhos em praças perto da casa dos clientes dela ou perto de onde os dois moram.
Nas praças, suas adaptações de exercícios da época em que praticava judô, vôlei e atletismo fizeram sucesso com as pessoas com mais de 60 anos. Com dedicação, passou a auxiliar quem lhe pede ajuda.
Um, dois, dez, quatro mil pessoas. Esse é o número de idosos que ele estima ter auxiliado com exercícios em cinco anos.
Agora, a turma se encontra na praça Flávio Xavier de Toledo, na zona sul, algumas vezes por semana, por volta das 18h. “Só de ver o sorriso do pessoal que eu ensino… Isso não tem preço.”
Por QSocial
*Este texto faz parte do projeto Geração Experiência, que tem como objetivo mostrar histórias de pessoas com mais de 60 anos que são inspiração para outras de qualquer idade.