App gratuito torna conteúdos da internet acessíveis a surdos
Já está disponível para download gratuito a nova versão do Vlibras, conjunto de ferramentas digitais que amplia a acessibilidade de pessoas com deficiência auditiva a conteúdos online. Através de um boneco (avatar) 3D, o aplicativo traduz, com um simples clique, textos, áudios e vídeos para Libras, a Língua Brasileira de Sinais.
“Ao contrário do que muita gente pensa, a maioria das pessoas surdas não é alfabetizada em português. Além da dificuldade de acesso a educação, elas têm também a barreira do português, que não é a sua língua-mãe. A primeira língua é a Libras”, explica Tiago Maritan, professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e coordenador o projeto.
O Vlibras, que pode ser instalado em computadores, navegadores e celulares a partir do Portal do Software Público Brasileiro, tem ainda a WikiLibras, um sistema para correção e inclusão de novos sinais. Isso porque, segundo especialistas, há um abismo entre a quantidade de palavras em língua portuguesa e em Libras.
- Descubra como aumentar o colesterol bom e proteger seu coração
- Entenda os sintomas da pressão alta e evite problemas cardíacos
- USP abre vagas em 16 cursos gratuitos de ‘intercâmbio’
- Psoríase: estudo revela novo possível fator causal da doença de pele
“O português tem 300 mil palavras, e a Libras tem de 10 a 15 mil sinais definidos”, compara. “Então, quando alguém sentir falta de algum sinal na ferramenta, pode entrar lá e contribuir gerando novos sinais.” A comunidade pode ainda sugerir correções em sinais que precisam melhorar.
Para isso, explicou o coordenador do VLibras à Agência Brasil, a pessoa com deficiência auditiva grava o vídeo com um sinal, que será enviado para um programador reproduzir no avatar. O sinal passa pelo crivo de especialistas antes de ser validado e incluído no programa.
Isso porque há inúmeras expressões faciais, corporais e gestuais que precisam ser reproduzidas em animação, o que exige um exaustivo trabalho de programação, diz Maritan. “A população surda vai ter que ter paciência, porque a ideia é melhorar a inclusão, mas, até que isso fique próximo dos intérpretes humanos, há um caminho razoável a percorrer.”
O projeto, que vem sendo desenvolvido há seis anos, surgiu quando uma jovem com deficiência auditiva passou no vestibular de Ciências da Computação na UFPB. A partir do desafio de comunicação com ela, a ideia do pacote de programas foi sendo desenvolvida. Atualmente, é feito numa parceria entre o Ministério do Planejamento, a Universidade Federal da Paraíba e a Câmara dos Deputados.
A estimativa é de 10 mil downloads do aplicativo para celulares e uma média de mil acessos diários à página do Vlibras na internet. Segundo o último censo (2010) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, quase 10 milhões de brasileiros têm alguma deficiência auditiva, o que representa 5% da população do país.
Por QSocial