Baccarelli 20 anos: Jerchmann Rodrigues, música em conjunto
Em comemoração aos 20 anos do Instituto Baccarelli, organização sem fins lucrativos, o Quem Inova mostra a história 20 alunos e ex-alunos. O personagem de hoje é o pequeno pernambucano Jerchmann Rodrigues, 10 anos, que estuda percussão no instituto.
Jerchmann está com 10 anos, mas tem um semblante sério. Pensa com cuidado antes de responder. Parece escolher as palavras. Só tem uma hora em deixa escapar um sorriso mais solto. É quando pergunto a ele como imagina que deve ser a experiência de tocar em uma orquestra sinfônica. “Vergonhoso demais!”
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Jerchmann nasceu em Petrolina, em Pernambuco. Com “cinco ou seis” anos veio para São Paulo. O pai trabalha como pedreiro, a mãe como diarista. E e um dia ele os procurou para dizer que queria entrar no Instituto Baccarelli. “Eu tinha 9 anos e um amigo da escola já estudava aqui e disse que era legal. Então pensei em tentar”.
Ele já ouvia música em casa, música gospel, que acompanhava também na igreja, onde os irmãos mais velhos já tocavam. “Aqui eu comecei no coral, cantando. E depois fui tocar percussão, porque sempre gostei de ouvir a bateria”. E o que mais o interessa na possibilidade de fazer música? “Eu gosto muito de tocar mas é bom também porque você pode fazer isso ao lado dos seus amigos, em conjunto. Na escola, é mais difícil e os professores estão sempre dando bronca. Aqui a gente tem tranquilidade para estudar, para conviver com as pessoas. Minha mãe sempre teve muito medo de que eu saísse de casa, então se eu não tivesse a música eu provavelmente não teria essas experiências todas, e isso não seria legal”.
https://www.youtube.com/watch?v=AL27PV9VRPA
Tocar em uma orquestra, como ele mesmo diz, deve dar vergonha. Mas o objetivo, pelo menos por enquanto, é esse. “É o que eu pretendo, além de tocar na igreja. Apesar da vergonha, quando vejo eles tocando acho que estão gostando”. Os pais dão todo o apoio. “O meu pai sempre diz que eu vou poder ser um profissional um dia. Acho que ele fica feliz com isso”. Mas tem tempo até lá. Por agora, o negócio dele é estudar. E ouvir música. “Eu gosto muito de Adoniran Barbosa e ouço muito rock com os meus irmãos, mas ainda não sei falar os nomes das bandas em inglês”. Por enquanto.
Por João Luiz Sampaio