Baccarelli 20 anos: Marcos Mota, de monitor a músico

Em comemoração aos 20 anos do Instituto Baccarelli, organização sem fins lucrativos, o Quem Inova mostra a história 20 alunos e ex-alunos. O personagem de hoje é Marcos Mota,  26 anos, que começou como monitor no instituto e tem no currículo estudos na Espanha, em Portugal e na Alemanha.

Referência em música, Instituto Baccarelli completa 20 anos

Há alguns anos, a cena se repetia algumas vezes por semana, durante os meses de inverno. Monitor da turma infantil de violoncelo do Instituto Baccarelli, Marcos Mota sabia que o frio acabaria fazendo a molecada ficar em casa. Caminhava então pelas ruas de Heliópolis, de casa em casa, chamando a turma. E, com eles, seguia para a aula. “Quando você aprende a importância que a música tem na sua vida, você sente o desejo muito forte de retribuir, de passar isso para os pequenos”, conta.

Marcos entrou no instituto aos dez anos. Gostava de cantar no coral, mas a revelação veio um pouco depois, quando conheceu o violoncelo. “Eu comecei a tocar e a sensação era diferente. Normalmente, a criança quer ser isso ou aquilo. Eu não fui assim. À medida em que fui estudando é que me dei conta de que a a música era o que eu queria. Não só por ela, mas por tudo que ela me trouxe”.

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E o que ela trouxe? “Mais responsabilidade, um senso de disciplina. E a cabeça começa a se abrir para uma série de coisas. Você se dá conta de que pode viver em um mundo maior do que aquele que você conhece. Foi muito forte perceber que nascer e viver em uma favela não precisava significar falta de chances”.

Hoje com 26 anos, Marcos tem no currículo estudos na Espanha, em Portugal e na Alemanha. Em 2014, quis conhecer outra orquestra, deixou o instituto e entrou para a Sinfônica de Santo André. “Foi bom para ampliar o meu conhecimento do que é a vida musical”, explica. O instituto, porém, seguiu dentro dele, que hoje dá aulas para alunos de 7 a 11 anos. “Eu converso muito com eles, falo da necessidade de estudar, de como é bom aprender, explico que não há problema em errar. Com isso, espero que eles também possam ampliar o mundo deles, como um dia eu fiz”.

Por João Luiz Sampaio