Baccarelli 20 anos: Maryanna Cavalcanti, de aluna à professora

Em comemoração aos 20 anos do Instituto Baccarelli, organização sem fins lucrativos, o Quem Inova mostra a história 20 alunos e ex-alunos. A personagem de hoje é a percussionista Maryanna Cavalcanti, que aos 18 anos foi para a Alemanha tocar com a Orquestra Sinfônica Heliópolis. Hoje ela é professora na ONG.

Maryanna Cavalcanti estava com 18 anos quando, em outubro de 2010, desembarcou ao lado de seus colegas de Orquestra Sinfônica Heliópolis em Bonn, na Alemanha. Era a terra de Beethoven, compositor de quem eles tinham a missão de interpretar a Sinfonia nº 8. “Quando você cresce tem aquele sonho de poder conhecer o mundo. E de repente ele estava se realizando e, melhor ainda, em uma viagem ao lado de tantos amigos, para fazer música e ainda por cima levar o nome do Brasil de uma maneira diferente para o exterior. Foi um momento inesquecível”.

A música sempre foi uma presença constante na vida de Maryanna, desde a infância, por meio do rádio, companhia inseparável da mãe. A irmã foi a primeira a entrar para o Instituto Baccarelli e, pouco depois, aos 11 anos, Maryanna seguiu o mesmo caminho. Começou no coral e logo passou a ter aulas de bateria e flauta transversal. A opção veio depois de pouco mais de um ano. “Eu acabei decidindo pela percussão. Eu gostava da flauta, mas eu tinha 15 anos e tocar percussão tinha um aspecto divertido, dinâmico, a lembrança que tenho das aulas era de muita diversão”.

A diversão ao fazer música Maryanna nunca perdeu. Mas quando entrou na Orquestra Juvenil Heliópolis, ela diz ter ganho uma nova perspectiva. “Ficou tudo mais sério. Na orquestra, me dei conta de que estava ao lado de outros músicos, que se prepararam, estudaram. Se eu queria fazer parte do grupo, também tinha que estar pronta”. Era uma forma de respeito a ela própria e aos companheiros. Veio, então, a viagem à Alemanha. E a certeza de que estava na música o futuro que imaginava. “É uma carreira difícil, o mercado é pequeno, precisa de muita dedicação. Mas eu lembro do apoio em casa, minha mãe dizia: é isso que você quer? Então vai estudar”.

https://youtu.be/1CJsOwrPoIg

Maryanna entrou na faculdade. E então descobriu outra paixão: dar aulas. “Eu lembro que, no primeiro ano, nem pensava nessa possibilidade. Mas, quando cheguei ao final do curso, ensinar havia me conquistado”. Ela hoje, além de tocar na Sinfônica Heliópolis, dá aulas no Instituto Baccarelli. “É interessante porque ao mesmo tempo em que você ensina o instrumento, se dá conta de que não se trata só disso. Fazer música mostra a importância de compartilhar, de dialogar com quem está do seu lado, e isso é uma lição que te acompanha mesmo que você não se torne um músico”, ela explica – e conta que ainda se surpreende com a inversão de papeis. “Quando a gente começa a estudar, olhar para os professores como uma referência. E hoje eu me dou conta da responsabilidade que é ensinar essas pessoinhas, de ser um modelo para elas. Então, é sempre necessário ter em mente que, no final das contas, o que a música te oferece é a possibilidade de ser uma pessoa melhor.”

Por João Luiz Sampaio