Brasil tem mais de 5 mil crianças para adoção

O Brasil tem cerca de 5.500 crianças para adoção e pelo menos 30 mil famílias na lista de espera. Vivendo em abrigos são mais de 44 mil crianças e adolescentes. Os dados são do Cadastro Nacional de Adoção e do Cadastro Nacional de Crianças e Adolescentes Acolhidos, administrados pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça).

Há cinco anos, no Distrito Federal, a Justiça autorizou 195 adoções, uma média de 16,25 casos. Em 2011, foram 144 autorizações no total, sendo 12 por mês.

E é no Distrito Federal que vivem os gêmeos Renan e Luan, de seis anos. A pele morena, os cabelos mais lisos e compridos, e os olhos puxados mostram a diferença física deles para outros alunos da escola de Educação Infantil CEAV Jr., onde eles estudam. Os irmãos são índios da etnia dessana, e foram adotados aos 27 dias de vida pelo casal Krisna Nunes e Juarez de Lima.

Os índios gêmeos Luan e Renan com o pai adotivo Juarez de Lima (Foto: Arquivo pessoal/Krisna Nunes)

Luan e Renan são de uma tribo no Amazonas que, por questões culturais, não aceitava o nascimento de gêmeos por considerar que um representaria a Lua, ou o bem, e o outro o Sol, que seria o mal e poderia amaldiçoar a aldeia. Apenas um dos irmãos seria entregue ao casal para adoção, mas para que não fossem separados e pudessem crescer juntos, o pajé da tribo decidiu que ambas as crianças fossem entregues.

“Ainda estamos com a guarda provisória deles porque o processo de adoção no Brasil é muito lento. Amamos nossos filhos e esperamos que em breve eles possam ter o nosso sobrenome definitivamente”, declarou a dona de casa Krisna Nunes, acrescentando que antes de se chamarem Luan e Renan, em homenagem às suas filhas –Luana e Renata–, na aldeia onde nasceram os gêmeos receberam os nomes Yourkouro, que significa ‘curandeiro’ na etnia dessana, e Poaney, que quer dizer ‘músico’.

Krisna conta que os filhos adotivos já passaram por situações de preconceito e discriminação por serem índios. Mas na escola encontram respeito, igualdade e admiração de outros alunos e dos profissionais de educação. Há seis meses as crianças estudam no CEAV Jr.

O próximo Dia dos Pais será mais uma data especial para a família.  “Vamos ao cinema, passar o dia nos divertindo bastante com a família unida e muito amor”, afirma Krisna.