Brasileiros terão acesso a telescópio que mapeará metade do céu

Astrônomos brasileiros terão acesso ao Large Synoptic Survey Telescope (LSST), em construção em Cerro Pachón, no Chile, previsto para entrar em operação em 2022, com o qual se pretende fazer um mapeamento de quase a metade do céu por um período de dez anos.

O ingresso do Brasil no projeto foi assegurado por meio de um acordo firmado entre a Rede ANSP (Academic Network at São Paulo), apoiada pela Fapesp, a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), o Laboratório Interinstitucional de e-Astronomia (LIneA) e o Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA) com o consórcio norte-americano que financia o projeto.

Acordo possibilitará à comunidade de astronomia brasileira obter dados do Large Synoptic Survey Telescope, em construção no Chile

O memorando de entendimento assinado pelas instituições permitirá que astrônomos dos Estados Unidos e de outros países tenham acesso aos dados obtidos pelo telescópio por meio de uma rede de fibra óptica, operada pela ANSP e RNP, que interliga São Paulo, Miami e Santiago por meio de cabos submarinos com mais de 20 mil quilômetros de extensão.

O LSST irá operar de forma diferente dos observatórios astronômicos em funcionamento no mundo, nos quais os astrônomos participantes dispõem de uma quantidade estabelecida de tempo para fazer observações de uma determinada área do céu prevista no seu projeto de pesquisa.

No caso do LSST, o telescópio irá realizar o monitoramento contínuo de sua área planejada de observação e os pesquisadores participantes selecionarão os dados de seu interesse.

A frequência de observação do telescópio permitirá a obtenção de imagens repetidas de cada fração do céu visível a cada poucas noites, em várias bandas ou segmentos do espectro eletromagnético. E continuará operando nesse modo por dez anos com o objetivo de obter catálogos astronômicos que combinam informação angular, espectral e temporal em alta profundidade.

Para isso, o telescópio, com 8,4 metros de diâmetro e orçado em R$ 1 milhão, será composto por três espelhos com um campo de visão de quase 10 graus quadrados, podendo inspecionar o céu inteiro em apenas três noites.

As imagens serão capturadas por uma câmera digital com 3,2 milhões de pixels, que será a maior em operação no mundo quando estiver pronta. Cada exposição da câmera cobrirá uma área correspondente a 40 vezes o tamanho da Lua cheia.

A estimativa é que a cada noite o telescópio gere 30 terabytes de dados, os quais serão transmitidos para diferentes centros para redução e análise, inclusive no Brasil.

Ao final de dez anos de observações, o levantamento poderá gerar um volume de 200 petabytes de imagens e dados que possibilitarão aos astrônomos obter respostas para algumas questões prementes sobre a estrutura e a evolução do universo, como a distribuição da matéria escura e como suas propriedades afetam a formação de estrelas, galáxias e estruturas maiores.

Via Agência Fapesp