Cadelinha com câncer transforma amor em cura
Chiquinha perde companheira com a mesma doença, mas se recupera e tira dona da depressão
Tem gente que diz que a vida é cheia de coincidências ou que nada é por acaso. Qualquer que seja a crença, há histórias tão parecidas, que é difícil não acreditar em “coisas do destino”. Wenddy e Maria Francisca, a Chiquinha, duas cadelas das raças schnauzer e pelado mexicano –uma raça rara, respectivamente, tiveram uma trajetória muito semelhante e em comum a tutora Juliana Bannach, jornalista de 37 anos, que transformou seu modo de viver por completo pelo bem-estar dos pets.
Juliana sempre foi apaixonada por animais, tanto que se tornou voluntária da causa animal, resgatando cães de rua, e criou um portal de notícias pet, o FalaCão. “Todo mundo que me conhece sabe como eu gosto e me dedico aos animais. Se eu pudesse, levaria todos os cães abandonados para casa”, afirmou.
A vida da jornalista e a de Wenddy, a schnauzer, se cruzaram há cerca de 15 anos. Curitibana, Juliana costumava visitar uma feira anual famosa que ocorria na cidade. Em uma das edições, foi acompanhada de sua mãe para comprar roupas e artesanato, mas o destino lhe pregou uma peça: foi lá que ela encontrou a schnauzer, com poucos meses de vida, à venda em uma exposição de cães.
- Estudo aponta relação do autismo com cordão umbilical
- Onde explorar a riquíssima gastronomia portuguesa em Lisboa?
- Mais do que tempero, alecrim é eficiente para memória e muito mais
- Autismo: saiba motivo que leva ao aumento expressivo de casos da doença
“Me lembro perfeitamente quando passei pelo canil, e a Wenddy pulou no meu colo. Ela não desgrudava de mim. Foi impressionante! Chegou até a arranhar minhas costas porque não queria mais descer. Comecei a chorar, e minha mãe ficou tão comovida, que acabou fazendo um cheque, e levamos Wenddy para casa”, lembrou.
Destino
Pouco mais de dois anos se passaram, e a história se repetiu. Na mesma feira, Juliana e seu marido viram a cadelinha mexicano pelado em situação vulnerável na exposição de cães. “Ela estava doente, gripada e, pelo fato de não ter pelos, parecia passar muito frio. Aquela cena não saía da minha cabeça. Fui a semana toda ao evento só para vê-la”, contou.
A jornalista chegou a oferecer ao criador cuidados para cachorrinha, com o compromisso de devolvê-la mais saudável. “Não tinha intenção nenhuma de comprar outro animal, mas, no fim da semana, ao voltar para ver se ela estava melhor, aconteceu a mesma coisa que eu havia vivido dois anos atrás com a Wenddy. Chiquinha pulou nos meus braços e não parou mais de latir. A Wenddy estava conosco, e percebemos a sincronia entre as duas. Ela meio que adotou a Chiquinha naquela hora. Parecia coisa do destino”.
E a família aumentou… Foram anos de alegria, brincadeiras e companheirismo. Juliana se dedicava muito às duas e frequentemente as levava para exames de rotina.
Numa das idas ao veterinário, veio a trágica notícia: Wenddy e Chiquinha estavam com a mesma doença: câncer de mama. Desenvolveram o câncer ao mesmo tempo e em estágios bem avançados. Vieram as cirurgias e as sessões de quimioterapia… os cuidados só aumentavam.
Tecnologia
“A tecnologia nos ajudou muito naquele momento. Baixamos em nosso celular o PetZillas, um aplicativo incrível onde registramos todas as informações das duas, como doses de medicamentos, lembrete das sessões de quimioterapia. No app, cadastramos as medicações para as quimios com preços mais acessíveis, que comprávamos direto do fabricante. A plataforma nos lembrava até quando tínhamos que fazer a próxima encomenda. Uma pena que o PetZillas não existia 15 anos atrás para facilitar nossa vida”.
Wenddy e Chiquinha lutaram bravamente contra a doença, mas a schnauzer teve metástase e não resistiu. Faleceu pouco antes do Natal de 2018.
Juliana entrou em profunda depressão, e só Chiquinha a fazia levantar da cama. “Eu precisava cuidar dela, mas não tinha forças. A Wenddy para mim era como uma filha. Foi um dos piores momentos da minha vida”, lamentou.
A vida do casal mudou totalmente com a morte da schnauzer. O marido passou a trabalhar em home office para ficar mais perto da Chiquinha, que teve uma brusca mudança de comportamento pela falta da companheira. “Colocamos uma diarista duas vezes por semana para fazer companhia para ela quando meu marido não estava. Foi muito difícil, mas Chiquinha me surpreendia a cada dia. E eu, ainda muito deprimida, lutava para me reerguer. Achei que nunca fosse sair do abismo. Só quem passou por isso sabe como é!”.
Aquela cachorrinha “diferente” e especial conseguiu transformar o amor em cura. Venceu o câncer e “tirou” a dona da depressão. Hoje ela brinca, come bem, passeia e não precisa mais de nenhum medicamento. “Sou grata por ter a Chiquinha em minha vida. Só ela me mostrou que o amor pode curar qualquer doença. Se foi o destino ou não, não sei dizer, mas meu encontro com elas só me tornou uma pessoa melhor. Por causa delas, fiz muitos amigos nas redes sociais, onde compartilhamos nossas histórias e nosso dia a dia. Hoje também ajudo pessoas que sofrem pelos seus animais que partiram, enviando cartinhas de apoio e solidariedade”, declarou.
“Quanto à Wenddy, estará sempre no meu coração. E quando quero reviver os momentos de alegria com ela, busco nossas lembranças na área dos anjinhos”, completou a jornalista, referindo-se ao espaço criado no app PetZillas, dedicado aos animais que faleceram.