Campanha mostra violência da revista vexatória em presídios

“Senhora, pode entrar e tirar a roupa, inclusive a da criança”, diz a agente penitenciária. Para passar pela revista do presídio, a mulher fica nua, agacha algumas vezes sob um espelho e é obrigada a tossir.

Para mostrar o que acontece com as pessoas que vão visitar presos, a Rede Justiça Criminal deu voz a elas. No site Fim da Revista Vexatória, criou vídeos e áudios com histórias de mães, pais, filhos e filhas de presidiários durante a entrada na penitenciária.

Além de vídeos com a atriz Denise Fraga e o cantor Dexter, em que são lidos depoimentos, foi criado um sistema de mensagem para o Congresso, para a aprovação do projeto de lei nº 480/2013. O texto, que proíbe a revista íntima e prevê que os visitantes sejam revisados por equipamentos eletrônicos, como detectores de metais, foi aprovado no dia 5 de junho deste ano pelo Senado. Agora aguarda aprovação na Câmara.

“A rede quis inovar e fazer essa campanha porque era uma pauta muito invisível”, explica a advogada da Conectas Direitos Humanos, Vivian Calderoni. Fazem parte da iniciativa a Associação pela Reforma Prisional, a Conectas Direitos Humanos, o Instituto de Defensores de Direitos Humanos, o Instituto de Defesa do Direito de Defesa, o Instituto Sou da Paz, o Instituto Terra, Trabalho e Cidadania, a Justiça Global e o Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo.

“Trabalhei cinco anos em uma penitenciária e nunca soube de revistas íntimas. Só descobri quando saí de lá”, explica a professora de História Betânia Mendes. Sua turma de alunos da 9ª série do ensino fundamental em uma escola pública de Antunes (MG) se interessou pelo tema. Com o apoio dela, os 41 estudantes da sala criaram uma página no Facebook para fomentar o debate.

Para a professora, essa é a forma que os alunos têm de ajudar a mudar a história do país. “Podemos transformar a realidade.”

Por QSocial