Campanha tenta evitar que Jiu-Jítsu com Tato acabe sem recursos
Foi lançada nesta segunda-feira (10) uma campanha de financiamento coletivo para impedir que um projeto esportivo feche as portas por falta de recursos. O Jiu-Jítsu com Tato é um programa que ensina a arte marcial a cegos no Recife e que funciona há um ano sem apoio financeiro público ou privado.
As aulas, gratuitas, acontecem no Instituto de Cegos Antônio Pessoa de Queiroz (IAPQ), que só pode disponibilizar o espaço e um tatame de tamanho insuficiente para a quantidade de alunos. A procura tem aumentado e a turma cresceu.
O projeto começou em março de 2016 e foi idealizado pelo professor Danilo Cruz, de 32 anos, com base no potencial do jiu-jítsu para o ensino a cegos, já que é uma luta em que o tato é fundamental.
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O professor busca, desde então, formas de financiar principalmente a compra de um tatame maior, para atender aos alunos que já frequentam as aulas e conseguir abrir novos horários. A remuneração do profissional também é uma das metas, pois o trabalho voluntário em horário comercial prejudica a busca por outras formas de renda.
Outros interessados pedem que um novo horário seja aberto à tarde –atualmente, as aulas são realizadas de manhã, três vezes por semana. Está nos planos do professor, ainda, a busca por alunos com deficiência visual na rede pública pernambucana.
Didática específica
As cerca de 15 pessoas atendidas atualmente relatam que já observaram mudanças na qualidade de vida. “Para mim, funciona como uma terapia, porque eu era muito estressada”, diz a massagista Cláudia Tavares, de 35 anos. “O jiu-jítsu nos dá força, ajuda a insistir, persistir e ir em frente.”
“Ajuda no dia a dia. É um esporte que mexe com toda a estrutura muscular”, diz Edgard de Araújo, de 39 anos, outro beneficiado com o programa.
Faixa preta e praticante há mais de 10 anos, o brasiliense Danilo Cruz idealizou o Jiu-Jítsu com Tato quando passou a monitorar um cego no local onde treinava, na Universidade de Brasília (UnB). Ele percebeu que o aluno tinha um desempenho muitas vezes superior às demais pessoas do grupo.
Danilo criou uma didática específica, em que o movimento é passado pelo tato. “Meus alunos pegam no meu corpo para aprender como eu me coloco. Depois eu procuro fazer em cada um deles para que sintam o movimento. Daí reproduzem as posições um no outro e eu vou corrigindo também com o tato”, explica.
O financiamento coletivo terá duração de 45 dias e utilizará a plataforma Catarse. As doações começam em R$ 20. As contrapartidas podem ser um certificado digital de apoiador, adesivos, camisetas e quimonos. Os recifenses podem, ainda, participar de uma aula inclusiva. As vagas são limitadas e o transporte não está incluído.
O projeto também busca parcerias com empresas, organizações sem fins lucrativos e poder público.