Casal viaja pela Ásia para compartilhar e aprender tradições musicais

Viajar pelo mundo e compartilhar histórias é a missão do casal de educadores Sara Melo e Domingos de Salvi, 30 anos. Mas não qualquer história. “Valorizamos nossas ancestrais da matriz indígena e afro-brasileira e a partir disso buscamos conhecer o que há de mais verdadeiro e essencial na cultura e tradição dos outros povos”, conta Melo.

 

Desde o mês de maio eles viajam com o Voa Mundo, projeto que tem como objetivo contribuir por meio da arte com a interação cultural entre países com realidades distintas. “A experiência aqui na Ásia tem nos enriquecido muito. Tivemos a oportunidade de visitar países que nunca foram colonizados, como o Butão, por exemplo, e outros que até pouco tempo eram colônias francesas, como o Laos e Camboja”, conta Salvi.

“Isso nos leva a refletir como muitos costumes europeus se mesclaram em nossa própria cultura com as dos povos indígenas e africanos, inventando novas tradições, enquanto em outros países os costumes permanecem mais facilmente diferenciados e separados. São apenas princípios de reflexões que começamos a tecer.”

O Voa Mundo é baseado em três pilares: música, pesquisa e educação. Na parte musical o casal apresenta composições e músicas instrumentais e ao som da viola cantam histórias e rezas do que é ser brasileiro. “Não há nada como a música para possibilitar a vivência entre pessoas de culturas diferentes”

Para aparte de pesquisa fazem entrevistas de artistas locais e de pessoas das comunidades originárias da região, que depois é transformado em conteúdo para o site do projeto.

“Descobrimos instrumentos musicais que não conhecíamos e suas significações para a cultura em que está inserido. Por exemplo, no Butão, encontramos o Dramngyen e ouvimos muitas histórias sobre ele e como é considerado sagrado pelo seu povo, aparecendo pinturas, representações de deidades, em templos”, conta Melo.

A temática da educação é desenvolvida por meio de oficinas musicais relacionadas às tradições orais brasileiras, temas ambientais e conhecimentos gerais. Também participam de aulas locais quando possível.

“Por enquanto estamos financiados basicamente por recursos próprios que juntamos no período anterior à vinda. No trajeto, conseguimos obter às vezes hospedagem ou alimentação, estabelecemos algumas parcerias, mas ainda não é totalmente sustentável”, explica Salvi. “Temos uma loja virtual no site onde as pessoas podem ter acesso aos nossos CDs ou livros de parceiros e assim colaborar com o Instituto Voamundo, que é para nós um projeto de vida e esperamos que tenha vida longa!”