Crianças com câncer levam 103 dias para serem diagnosticadas
Se diagnosticados tardiamente, cânceres pediátricos têm taxa de cura menor. Eles são a principal causa de morte por doença em crianças e adolescentes de zero a 19 anos no Brasil devido a sua evolução rápida. Contudo, o tempo médio para que um profissional de linha de frente reconheça essa condição é de 103,25 dias.
Os dados fazem parte do estudo realizado pelo diretor da Sobope (Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica), Gustavo Neves, que aponta que o câncer nessa parcela da população é altamente curável se comparado à doença em adultos. Entretanto, a falta de preparo dos profissionais, que não vivenciaram na residência como identificar os sinais do câncer infanto-juvenil, pode comprometer o tratamento.
“O diagnóstico precoce está intimamente relacionado à capacidade do pediatra em conhecer os diferentes tipos de câncer na infância, colocá-los em sua lista de diagnósticos diferenciais e pensar na possibilidade para então encaminhar a criança para o especialista”, afirma Neves.
Como um dos itens para resolver a questão, Neves aponta a inclusão de conhecimentos sobre oncologia pediátrica por meio de estágio em enfermaria/ambulatório de oncologia, sob supervisão de especialista, dando ênfase às histórias clínicas dos pacientes. “O câncer na infância não tem sinais ou sintomas específicos e é a vivência, ênfase no diagnóstico e não no tratamento, que poderá preparar médicos para pensar em câncer, embora seja um diagnóstico de exceção. Aulas teóricas isoladas não são eficazes”.