DNA de lesão pré-maligna de pulmão pode ser detectado no sangue
Um estudo publicado na revista “Nature” indica que pode ser possível identificar alterações de DNA presentes em lesões malignas e pré-malignas de pulmão por meio da análise de amostras de sangue e escarro.
O método poderá ajudar no diagnóstico precoce da doença. Além disso, ao identificar de forma não-invasiva qual tipo de mutação está presente no órgão em diferentes locais, poderá auxiliar, no futuro, na avaliação do prognóstico e na definição do tratamento mais adequado para cada caso.
A pesquisa foi feita por um grupo de pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, e contou com a participação das brasileiras Mariana Brait e Luciane Tsukamoto Kagohara.
Evidências da literatura mostram que algumas dessas lesões pré-cancerosas podem regredir e desaparecer espontaneamente após alguns anos. Outras podem evoluir e se tornar um câncer. Atualmente, não há um método simples para distinguir os dois casos.
De acordo com a pesquisadora Mariana Brait, a biópsia –normalmente feita em poucos pontos específicos do pulmão– não consegue refletir toda a diversidade molecular existente em todas as lesões do órgão. Ainda assim, seus resultados costumam ser usados para guiar a decisão clínica.
Metodologia
O estudo foi feito com tecido pulmonar removido cirurgicamente de 16 pacientes com câncer de pulmão. De dois deles também foram colhidas amostras de sangue e escarro para análise do DNA circulante.
Para isso foi usado o método de sequenciamento de nova geração com um painel de 125 genes-alvos já associados em estudos anteriores ao câncer e à sua progressão.
Os resultados indicam que é possível encontrar no tecido normal mutações associadas à transformação maligna, como as observadas nos genes KRAS, TP53 e EGFR. Também foi possível observar na mesma lesão mutações consideradas pelos pesquisadores como “ruas sem saída”, ou seja, sem potencial para causar a transformação maligna do tecido.
O passo seguinte foi descobrir se seria possível encontrar nos fluidos corporais as mesmas mutações de DNA observadas nas lesões pulmonares. Para isso o grupo usou um método bastante sensível conhecido como Digital droplet PCR (reação da cadeia da polimerase digital em gotículas, na sigla em inglês).