Em testamento, ativista doa sua carne para churrasco e sua pele para bolsas

Ela, literalmente, planeja continuar seu ativismo mesmo depois de morta. Aos 65 anos, a fundadora da ONG PeTA (Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais), Ingrid Newkirk, causou polêmica ao publicar neste mês seu testamento com recomendações inusitadas, como o uso da sua carne para um “churrasco humano”.

“Que a carne do meu corpo seja usada para um churrasco humano, para lembrar ao mundo que a carne de todos os corpos é apenas carne, não importa se venha de um humano ou de outro animal, e que alimentos de carne não são necessários”, disse no documento.

Nele, Ingrid, que dedicou sua vida à defesa dos direitos dos animais, anuncia a doação de seus restos mortais para a PeTA, que terá a “decisão final” do que fazer dele. Em entrevista à revista “Newsweek”, ela disse que teve a ideia após um acidente de avião. “Você tem pensamentos como ‘eu não deveria estar aqui, deveria estar morta’ e pensei em como eu tinha sorte de continuar convencendo pessoas a não serem cruéis com os animais”, afirmou.

No testamento, ela faz outras sugestões. Propõe que sua pele seja usada em produtos de couro, como bolsas; que seu pé seja removido para servir de porta guarda-chuva, da mesma forma que é feito com tigres e elefantes; que seu fígado seja enviado para a França, para convencer pessoas a não consumirem “foie gras”; e que um dos seus olhos seja remetido para a Agência de Proteção Ambiental dos EUA, para que a PeTA continue vigiando a agência até que acabem o envenenamento e a tortura de animais em experimentos.

Ingrid conta com a ajuda de um patologista e de um advogado para assegurar que seu testamento seja legal. E não para por aí. Está incentivado defensores de animais a mandarem ideias do que fazer com os seus restos mortais para um ativismo pós-morte, num testamento colaborativo. O desejo de chocar é uma escolha consciente. “Tentamos nos divertir e tentamos ser provocativos para as pessoas falarem sobre o que acontece.”

Por QSocial

*Este texto faz parte do projeto Geração Experiência, que tem como objetivo mostrar histórias de pessoas com mais de 60 anos que são inspiração para outras de qualquer idade.