Empreendedor transforma vida de crianças e jovens na periferia

Há 15 anos, o administrador Daniel da ORPAS fundou uma ONG que vem mudando a vida de pessoas em situação de vulnerabilidade

03/11/2020 09:00 / Atualizado em 04/11/2020 18:52

“Sonhar grande ou pequeno dá o mesmo trabalho, por isso, sonhem grande”. Com essa frase, o empreendedor Daniel de Faria, conhecido como Daniel da ORPAS, incentiva milhares de crianças e adolescentes da periferia a lutarem pelo que acreditam.

Nascido no distrito do Jardim São Luís, na zona sul de São Paulo, Daniel sempre quis entender como fazer da periferia um lugar melhor e para isso estudou muito. Tem mestrado em ciências humanas na Unisa e frequentou programas de empreendedorismo social da FGV e da Anhembi-Morumbi, além de ser administrador pela PUC-SP com MBA em gestão de pessoas.

 Há 15 anos, o administrador Daniel da ORPAS fundou uma ONG que vem mudando a vida de pessoas em situação de vulnerabilidade
 Há 15 anos, o administrador Daniel da ORPAS fundou uma ONG que vem mudando a vida de pessoas em situação de vulnerabilidade - Divulgação

Daniel sonhou grande e buscou concretizar seus sonhos. Há 15 anos, ele fundou uma ONG chamada ORPAS (Obras Recreativas, Profissionais, Artísticas e Sociais), que vem transformando a vida de crianças e jovens em situação de vulnerabilidade por meio de iniciativas que tratam de questões étnicas, diversidade, cultura, educação, empreendedorismo e cidadania.

Tudo começou no quartinho do quintal de sua casa, onde sua mãe passava roupa. O pequeno espaço, localizado no Jardim São Luís, se transformava numa espécie de sala de aula para receber 55 alunos interessados em aprender a tocar teclado, violão e bateria.  Com a multiplicação das oficinas, aumentou-se o número de interessados e o quintal do fundador ficou pequeno para receber tanta gente e, desde então, a organização foi crescendo.

 Daniel da ORPAS ouvindo os moradores da comunidade
 Daniel da ORPAS ouvindo os moradores da comunidade - Divulgação

Atuando na região, que possui hoje mais de 300 mil habitantes, a ORPAS tem como objetivo incentivar a arte, a cultura e as novas tecnologias na comunidade, fazendo um trabalho que possibilite um acesso maior e mais fácil a estes conteúdos, por meio da integração social. Promovendo a cultura periférica, ele conta que a ONG já impactou, no ano, mais de 10 mil pessoas, por meio dos eventos realizados por ela.

A organização também desenvolve uma série de projetos, incluindo internacionais, como o recebimento de mais de 150 intercambistas oriundos de países como Egito, EUA, Ucrânia, México, Argentina, Colômbia, Peru, Finlândia, dentre outros, para apoiar o desenvolvimento das ações da ORPAS na comunidade. “Além disso, também representamos o Brasil em diversos países da Europa, da América do Sul e da América Central em discussões de Direitos Humanos e Empreendedorismo Social”, conta.

 Daniel da ORPAS com moradores do Jardim São Luís
 Daniel da ORPAS com moradores do Jardim São Luís - Divulgação

Ele destaca outros projetos realizados, como a manutenção de um banco comunitário que permite a circulação de uma moeda social pelo distrito, além do programa de microcrédito e de incentivo a economia criativa; escola de talentos para crianças de 4 a 12 anos; programas para jovens empreendedores com 11 cursos profissionalizantes, como fotografia, comunicação, gestão de restaurantes, entre outros.

 

Em 2012, ele criou a Aceleradora e Produtora Árvore Preta com o objetivo de ajudar organizações a desenvolverem ações de impacto social e ajudar os empreendedores das regiões periféricas a criarem e potencializarem ações de impacto nas comunidades.

Com desejo de fazer muito mais pela periferia, ele se candidatou a vereador, em São Paulo. “Quero transformar muito mais vidas e por isso me lanço nesse novo desafio”, acrescenta.

Bisneto de escravos

Negro, filho e neto de negros e bisneto de escravos, Daniel ressalta que hoje luta para não ser uma exceção em um país, cujos negros são 75% entre os mais pobres, segundo dados do IBGE.

“Eu luto para que mais pessoas nascidas e criadas na periferia tenham acesso ao empreendedorismo e à educação como ferramenta de promoção social da emancipação do nosso povo. Somente assim, conseguiremos quebrar as correntes e termos a liberdade tão almejada pelos nossos antepassados”, conclui.