Empresa cria instrumentos musicais com madeiras de descarte

Transformar madeiras brasileiras em instrumentos musicais de forma sustentável. Essa é a proposta da Eco Guitar.

A matéria prima de todos os instrumentos vem das ruas e, por meio de um processo artesanal, as peças de madeiras –tais como as de demolição– são transformadas em instrumentos de características únicas e timbres singulares.

A história da marca começou em 2014 quando o radialista Pedro Machado decidiu unir o apreço por guitarras, a experiência no ramo de áudio e a proposta sustentável.

“Toco guitarra e pratiquei outros instrumentos desde pequeno. Mas sempre fui ligado à área de áudio e acabei me formando em Rádio e TV, trabalhando em produtoras e como técnico de som. Há alguns anos fiquei sabendo de um curso de luthieria no Projetro Guri, na Vila Madalena. Cursei e trabalhei durante um ano com o professor que ministrava as aulas: Ladessa, um ícone na construção de baixos. Aprendi e aprimorei técnicas na construção e manutenção dos instrumentos, em especial na parte eletrônica”, conta Pedro.

Segundo o radialista, a ideia de transformar pedaços de madeiras em instrumentos musicais diferenciados me fascinava. “Decidi investir e criei a Eco Guitar”, explica.

O diferencial dessa luthieria perpassa todas as etapas da produção: a escolha das tábuas, o tratamento dado às peças, a instalação elétrica, a pintura, o acabamento e a regulagem. O resultado é único.

Em 2015, o empreendedor Ricardo Mota uniu-se a Pedro Machado, com a ideia de transformar a Eco Guitar em uma das empresas mais legais do Brasil. “Somos apaixonados por música e design, poder transformar uma mesa velha jogada em uma caçamba em uma guitarra linda que vai levar alegria para muitas pessoas é uma coisa incrível”

As melhores madeiras para instrumentos são curtidas com, no mínimo, 20 anos de secagem natural. Além de proporcionarem um timbre mais puro, são garantias de que o instrumento não sofrerá alterações com o passar dos anos (como torções no braço e deformações na escala).

A maioria dos instrumentos industriais é fabricada com madeiras recém-cortadas, que passam por um forno especial para retirar a umidade da madeira.

O problema é que a qualidade deste tipo de secagem artificial não se compara à secagem natural ao longo de décadas. E pelo fato de a madeira de instrumentos industriais serem relativamente úmida, ela corre o risco de torcer, envergar, estufar ou retrair enquanto seca. O que pode comprometer –e muito– a potencialidade de regulagem do instrumento.